terça-feira, 6 de novembro de 2012

O coletivo cotidiano


Na voragem do tempo, a lição do profeta
é tragada pela língua do vento.
Hoje,
é a tendência da mídia no tempo da mediocridade -
na América do Pau-Brasil não se faz desdém.
Tanto quanto no êxtase de uma bebida,
transbordantes da coloração do estereotipo no lugar
da amizade sincera - dada a fidelidade comungada
na criação da voga, do totem e do ídolo.
A individualidade quando avistada sozinha,
é despojo do hipócrita frenesi.
Defronta-se com a traidora da própria potência,
da própria imagem.
Tropeça-se por ai no vazio trivial -
traídos na decepção da persistência.
Divorciado do porta-voz de si mesmo
por uma voz que silencia no próprio interior.
A fortaleza do fracasso ecoa na era da depressão,
na era do zumbi.
Numa economia feliz, dá o direito da moeda corrente,
dá a vez da posse contundente - que convém.
Mais uma vez,
a expressão bonita é eloquência do agreste, é tentação do argumento -
prá isso o arbitrário se farta de persuadir.
A distração no quintal da emoção esquece
na casa do mundo a tela dos olhos,
não brinca de cérebro da terra e nem lembra do corpo.
A vida faz ninho em brumas do tempo,
tempo esquecido,
tempo soberano,
tempo sutil, tempo que inventa o homem.
Em vez da vida, a Natureza ensina o real.
Música que toca a vida,
cérebro sem crânio,
trilhos que agitam o trem, trem que nunca pára.
Toneladas vêm, toneladas vão e o giro da velocidade,
rápido como luz, como pensar.
Seiva do nascimento, na alcova da inquietação,
vai para a morte, sempre ser igual.
Seiva eletrizante, desliza no tubo feito dragão,
não como se fosse de olhos, mas de luz do invento.
Feito máquina, de mãos que empurra o comboio
no labirinto das circunvoluções.
Nisso, o inebriado se faz de largo,
isso é arte do mundo,
mas, ambreada de vida, só se vê o palhaço.
Dada a "Resposta Estrita",
a inscrição ecoa na sombra real,
perfeito fenômeno -
criação seja da natureza do homem.
Assim se despoja a "Morte de Deus"!
Num lapso do ímpeto,
o antropocentrismo alude a Razão indigente.
Dada a psique derrotada,
nela compacta o egocentrismo eloquente, faminto.
Assim, no buraco escavado ausente o Deus-Pai esperar.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AS PUPILAS DO UNIVERSO

AS PUPILAS DO UNIVERSO - A Emancipação do Ser: "EU SOU"


[...E as estrelas caíram ao chão.
E as estrelas estão na areia, misturadas com os cristais.
E os cristais se renovam na essência de sua luz; e o Espírito na Ciência.
A Ciência é a arte que se esconde no segredo da Natureza.
A Ciência está na atitude de conhecer, no saber abstrair da simples percepção: matriz de toda intuição.
A arte do pensar enxerga o mecanismo e a inteligência: a experiência do intransitivo Ser na abrangência do intrínseco ao extrínseco. 
Contudo, a vida desfere a absolvição de toda espécie de aberração, da tirânica perversão e da ingenuidade e recrudescimento do incognocível estigmatizante e arbitrário.]


Da Incerteza ao Vazio e o Paradoxo de uma sensação de infinitude, de imortalidade na vivência do ser no mundo; a certeza de uma relação estreita de apropriação e liberdade na natureza.
E tanta variabilidade num mundo que transborda em atitudes: um viver implicitamente focado no centro da consciência.
A concentração está circunscrita na necessidade da dissolução dos desejos e adversidades emergentes, que se transformam em experiência de vida, emancipando-se na excursão da individualidade.
Muitos se reportam convencidos de um arquétipo, sob o qual uma mente coletiva estabeleça determinada simbologia que dirige a particularidade, e é verdade. E por que não haveria de ocorrer esta marca restrita à singularidade, sobre si mesma? Contudo, se nega qualquer dimensão de uma construção simbólica autônoma a priori, outorgada pela (suposta) "anterioridade existencial" num organismo expirado pelo tempo que já existiu, ou seja, há resquícios de experiências pré-existencial preservadas nos escaninhos do "grande oceano" do Inconsciente pessoal: bem seja, magnífico arquivo psíquico da existência de um ser real que "coanimou" [coabitou] um mamífero ou um ser vivo numa geração anterior. Trata-se de uma espécie de substrato particularizado, constituinte das aspirações e sofrimentos humanos do hoje. Enfim, afirmamos que a reencarnação da alma é uma realidade.
É, com ponderação, fato estudado, retratado no fenômeno da Hipnose, especificamente, na Regressão Hipnótica, cito pura manifestação de fenômenos transpessoais, demonstrando elementos psíquicos existentes que atravessam o cotidiano comum - na psicoterapia, é o objeto da cura, da regulação do todo no indivíduo: não mera vaidade, discurso evasivo, tampouco, transgressão divina das refutações alusivas.
Há apenas alguns séculos, e podemos ter sido formiga ou baleia, cachorro ou cavalo, ou uma ave qualquer ou, mais distante, dinossauro ou ameba.
Atualmente, coanimamos um mamífero bem mais evoluído: um organismo humano, que se diferencia dos demais pelo volume do seu cérebro e pela camada cortical.
Numa situação hipnótica profunda, as recordações de vidas passadas, são muitas vezes, de "indivíduo físico antes de adquirirem autoconsciência individual. Provavelmente, progrediram através de mamíferos mais evoluídos, frequentemente para primatas, durante a evolução normal."
"...Os mamíferos superiores são conscientes, porém sua autoconsciência é vaga, lhes falta intelecto. Nossa autoconsciência pensante é para eles difícil e dolorosa, às vezes enlouquecedora."
O organismo humano é o único corpo físico que possibilita a alma adquirir autoconsciência plena. Somente após vários ciclos reencarnatórios, de vida e morte, a alma vai se tornando cada vez mais capaz de expressar o potencial autoconsciente [a Natureza: da Latência à Manifestação].
"A primeira ponte entre os animais e as pessoas é o volume crescente de cérebro. A outra, é a companhia das pessoas, animais domesticados como cavalos, cães, às vezes gatos."
Em sessões não raras, alguns relatos são de pertencimento a um grupo "indissolúvel" de almas. Uma situação um tanto obscura para ser descrita pela pessoa hipnotizada: à maneira de um elétron que salta da órbita de seu átomo, "...separaram-se (desta) massa psíquica geral, uma espécie de bolo de almas (e andam) pela Terra pela primeira vez, como substância de alma frescamente individualizada"*, depois, no momento em que a alma se encontra dissociada do organismo físico que lhe pertenceu (já falecido), no intervalo "entre vidas" - quando está cercada de outra dimensão [a etérica], retorna para esse seu habitat indefinidamente.

Também, há quem se engane querer que, ao relembrar de uma existência anterior, iremos nos deparar com uma pessoa perfeitamente idêntica, com as mesmas características biológica ou fisiológica, social, econômica ou geográfica do tempo atual, tal como família, cultura, raça e cor.
Segundo nossas experiências, há sempre um início e um fim do existir como pessoa, como identidade.
Inicia-se um ciclo ao nascermos e termina ao morrermos, e jamais existirá um ciclo igual em outro momento.
Na Natureza nada morre e depois revive. Essencialmente, apenas a química básica é imutável e a mistura dos seus elementos está subordinada às inúmeras possibilidades futuras.
Já que, em todas as espécies, os indivíduos se comportam de maneira similar, conforme a essência peculiar de cada uma delas, seja animal, vegetal ou mineral: um Ipê amarelo morre, nasce outro; mas, sempre será um Ipê amarelo.
A cada nova encarnação da alma há sempre um novo desafio, para uma mesma proposta primordial que persiste.







quarta-feira, 20 de junho de 2012

AS DUAS VERTENTES NA PSICOLOGIA

No ambiente da ciência conservadora, com o juízo do rigor, se afina a resistência à praticidade da hipnose.
Qual seria a justificativa plausível para que determinados profissionais sejam atraídos por procedimentos que há muito se tornaram inviáveis. Sabemos que a hipnose, no século XIX e princípio do século XX, foi muito  utilizada na medicina e na psicoterapia e depois abandonada.
Pois bem, então brindemos à Robles,T.
"A hipnose moderna tem seus antecedentes nos anos trinta , em Nancy, França. Na escola de Nancy (que entre outros expoentes destaca Liébault, Berheim e Coué), considerava-se que o estado de transe era um estado normal, e não patológico, como se afirmava na mesma época na Escola da Salpêtrière, em Paris, onde trabalharam Freud e Charcot. (Freud tratrabalhava com a  hipnose clássica-,... onde se propunha que o papel do hipnotizador consistia em induzir no sujeito um estado em que estivesse receptivo às suas sugestôes, o transe...) [porém, não obtendo progresso e aliado à sua genialidade incrível desenvolveu outra variante, a associação livre]. Em Nancy, propunha-se que a mudança se produzia de uma forma não consciente, através da imaginação e sem intervenção da vontade. Propunha-se, também, que as sugestões operam somente quando encontram, na pessoa que as recebe, um eco interno e, nesse sentido, são auto-sugestões.
De acordo com os princípios de Nancy, nos anos cinquenta, Milton H. Erichson, psiquiatra norte-americano, desenvolveu as técnicas hipnóticas clássicas, dando-lhes um novo sentido, e organizou outras novas. Incorporou todas elas como parte de um estilo de comunicação em geral e de comunicação terarêutica em particular, eliminando a formalidade e os rituais da hipnose clássica, de modo que se chegou a falar que Erichson fazia hipnoterapia sem transe. Suas contribuições à hipnose moderna foram fundamentais, a ponto de se considerar como sinônimo a hipnose ericksoniana."

(matéria em construção)

O ESTADO DE TRANSE

Um Transe?
Logo nos toma uma sensação aversiva, pela vulgaridade do termo;
Em nossa subjetividade existe uma certa confluência com a magia, o espiritismo, a feitiçaria; um comportamento escuso e de reação jacosa.
"...Em termos gerais, diz-se que o transe é um estado alternativo de consciência...
Nos primórdios da história formal da hipnose, pensava-se que o transe era um estado patológico, ou no mínimo implicava em se ter uma mente débil. Em termos modernos, é um estado em que as faculdades mentais críticas - a razão e a lógica, estão temporária e parcialmente suspensas e a pessoa está imaginando e sentindo mais do que pensando. Neurofisiologicamente, define-se como um estado em que o sujeito está funcionando sob o predomínio de seu cérebro direito. O sono fisiológico é outro estado alternativo de consciência, onde se dão fenômenos similares aos do transe (alucinações, perda de noção do tempo, etc.) que dependem da atividade do cérebro direito. Em vigília, estamos sob o predomínio do cérebro esquerdo."(Robles,T.)
Muito nos motiva as pesquisas voltadas para a natureza autônoma do sono, porque sabemos que essa natureza pode ser estimulada pela hipnose, ou seja, depreendemos que um procedimento adequado, por via de um estado de transe, pode resultar numa terapêutica bem sucedida.
Descobrimos que inúmeras habilidades neurais se evoluem na determinação de resoluções de dificuldades do organismo biológico e do psiquismo. Portanto, seria oportuno abrirmos aqui um parênteses para descrever o esforço de compreender esse facinante mundo adormecido:
(revista Mente Cérebro - ed. especial, 32) "Em 1865, o químico alemão Friedrich August Kekulé (1829-1896) acordou de um sonho estranho: imaginou uma serpente formando um círculo e mordendo a própria cauda. Como muitos de seus colegas da época, ele vinha trabalhando com fervor para descrever a estrutura química do benzeno. O sonho da serpente, diz a história, o ajudou a concluir que essa estrutura tinha a forma de anel. Essa ideia abriu o caminho para uma nova compreensão da química orgânica e rendeu a Kekulé um título de nobreza na Alemanha.
Embora a maioria de nós não esteja interessada em estruturas químicas nem em se tornar nobre, há algo indiscutivelmente familiar no método de solução de problemas de Kekulé. Quer se trate de decidir estudar numa faculdade específica, aceitar uma oferta de trabalho desafiadora ou pedir alguém em casamento, 'dormir e pensar no assunto' parece propiciar a clareza de que precisamos para resolver o quebra-cabeça da vida.
O sono nos apresenta respostas, porque enquanto estamos dormindo tranquilamente nosso cérebro está ocupado processando informações coletadas durante a vigília. Ele repassa as memórias recém-formadas, as ordena e as grava de forma que façam sentido no dia seguinte. Uma noite de sono pode tornar essas impressões mnênicas mais resistentes à enxurrada de novos acontecimentos, permitindo recuperá-las no futuro. Além de fortalecer nossas lembranças, durante o sono o cérebro adormecido examina com cuidado os dados novos, selecionando aqueles que vale a pena guardar. Dormir também pode salvar os conteúdos emocionais de uma imagem, um som, um cheiro, fazendo com que todo o resto, sem importância, seja apagado com o tempo. Além disso, é nessas horas 'mortas' que o cérebro estabelece relações entre as memórias de toda a vida, identificando a essência de cada uma e formando aquilo que chamamos aprendizado.
A relação entre sono, memória e aprendizagem é relativamente nova na história da ciência. Até meados dos anos 50, os cientistas pensavam que o cérebro se desligava enquanto dormíamos. Embora o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus já acreditasse, em 1885, que o sono protegia as memórias simples da degradação, por décadas os pesquisadores atribuíram esse efeito a uma proteção passiva. Nós esquecemos coisas, defendiam eles, porque todas as novas informações que entram substituem as anteriores. Foi só em 1953, depois de os fisiologistas Eugene Aserinsky (1921-1998) e Nathaniel Kleitman (1895-1999), da Universidade de Chicago, descobrirem as fascinantes variações da atividade cerebral durante o sono, que os cientistas se deram conta de que não estavam dando atenção a algo realmente importante.
Aserinsky e Kleitman observaram que o sono humano se divide em ciclos de cerca de 90 minutos que, por sua vez, se dividem em dois padrões de atividade cerebral conhecidos como sono de ondas lentas e sono paradoxal ou REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês). Durante o sono REM, as ondas cerebrais são muito semelhantes àquelas produzidas enquanto estamos acordados.
Nas décadas seguintes, o neurocientista romeno Mircea Steriade, da Universidade Laval, em Québec, chegou à conclusão de que determinados grupos de neurônios disparam de forma independente durante o sono de ondas lentas quando o restante dispara sincronizadamente, num ritmo constante. Tudo isso serviu para deixar claro que o cérebro, enquanto dorme, não está meramente 'descansando'. Muito pelo contrário, ele está em franca atividade.
Nossa compreensão sobre o assunto mudou muito depois de 1994, quando os neurobiólogos Avi Kami e Dov Sagi, do Instituto de Ciências Weizmann, em Israel, mostraram que, depois de uma noite de sono, alguns voluntários melhoraram seu desempenho em testes de reconhecimento rápido de objetos...
Em 2006, demonstramos a poderosa capacidade que o sono tem de estabilizar lembranças e protegê-las de interferências...
Mas os efeitos do sono sobre o que lembramos não estão limitados à estabilização. No decorrer dos últimos anos, vários estudos demonstraram a sofisticação do processamento da memória durante o sono. Na verdade, parece que enquanto dormimos nosso cérebro pode dissecar nossas lembranças e guardar apenas detalhes mais relevantes. Em um estudo, criamos uma série de imagens de objetos desagradáveis ou neutros num fundo neutro, e testamos as pessoas logo depois de olharem as imagens, uma após a outra. Doze horas depois, um novo teste da recordação dos objetos e dos fundos. Os resultados foram bastante surpreendentes. Independentemente de os participantes terem permanecido acordados ou adormecidos, a precisão de suas memórias caiu 10% em todos os casos. Mas as memórias emocionais melhoraram um pouco da noite para o dia, mostrando um acréscimo de cerca de 15%. Sabemos que essa seleção acontece também na vida cotidiana, o que leva a crer que o sono tenha um papel crucial na evolução das memórias afetivas.
A maneira precisa como o cerébro fortalece e melhora a capacidade de elaboração emocional ainda é um mistério, mas podemos fazer algumas suposições. Sabemos que as lembranças são criadas pelo fortalecimento da ligação entre centenas, milhares ou talvez até milhões de neurônios, tornando certos padrões de atividade mais prováveis de se repetir. Quando esses modelos são reativados, evocam uma recordação, que pode ser o local onde deixamos a chave de casa ou um par de palavras como 'cobertor-janela'. Sabe-se que essas mudanças na conexão sináptica surgem de um processo molecular conhecido como potenciação de longo prazo, que fortalece as ligações entre neurônios que disparam ao mesmo tempo.
Durante o sono, o cérebro reativa padrões de atividade que realizou durante o dia, fortalecendo as memórias por meio dessa potenciação a longo prazo. Em 1994, os neurocientistas Matthew Wilson e Bruce McNaugh-ton, então da Universidade do Arizona, mostraram esse efeito, pela primeira vez, usando ratos equipados com implantes que monitoravam sua atividade cerebral. Eles ensinaram os animais a encontrar uma trilha que levava até a comida, registrando ao mesmo tempo os padrões de disparo neuronal do cérebro dos roedores. Células no hipocampo - uma estrutura do cérebro crucial para a memória espacial - criaram um mapa da trilha, com células diferentes disparando conforme os ratos atravessavam cada região da trilha. Essas células correspondem de maneira tão rigorosa a locais físicos exatos que os pesquisadores puderam monitorar o progresso dos ratos apenas observando quais delas estavam disparando em dado momento. E, o que é mais interessante: cientistas registraram essas informações até mesmo quando os ratos dormiam e notaram que elas continuavam a disparar na mesma ordem - como se os animais estivessem 'andando pela trilha' durante o sono.
Conforme essa prática inconsciente fortalece a memória, algo mais complexo acontece: o cérebro pode estar ensaiando, de forma seletiva, os aspectos mais difíceis de uma tarefa. Um trabalho realizado em 2005 pelo neurocientista Matthew P. Walker, da Faculdade de Medicina de Harvad, demonstrou que quando as pessoas treinavam num teclado a digitação de sequências complicadas, como 4-1-3-2-4 (algo parecido com aprender uma partitura no piano), dormir entre sessões de treinamento fazia com que os dedos se movimentassem de forma mais rápida e coordenada numa próxima tentativa. Em um experimento mais aprofundado, ele descobriu que os voluntários não estavam apenas aprimorando a tarefa de digitação; estavam também vencendo as dificuldades com as sequências numéricas mais complicadas.
O cérebro faz isso, ao menos em parte, deslocando a memória para as sequências mais difíceis. Usando ressonância magnética funcional, Walker mostrou que seus voluntários usavam diferentes regiões do cérebro para digitar depois de terem dormido. No dia seguinte, a digitação correspondeu a uma atividade maior no córtex motor primário direito, lobo pré-frontal medial, hipocampo e cerebelo esquerdo - áreas associadas a movimentos mais rápidos e precisos. Em compensação, houve menor atividade nos córtices parietais, ínsula esquerda, polo temporal e região frontopolar, indicando redução no esforço consciente e emocional. Em suma: toda a memória foi fortalecida, mas em especial as partes que mais precisavam sê-lo. O sono estava fazendo esse trabalho usando regiões do cérebro diferentes daquelas usadas enquanto a tarefa era aprendida.
Descobertas recentes mostram que dormir também facilita a análise ativa de novas memórias, permitindo a resolução de problemas e dedução de novas informações.
Num estudo de 2004, o neurocientista Ulrich Wagner, da Universidade de Lübeck, Alemanha, demonstrou quão poderoso pode ser o processamento de memórias no sono. Ele ensinou aos participantes como resolver um tipo de problema matemático usando um procedimento longo e fez com que o repetissem cerca de 100 vezes. Em seguida, pediu aos voluntários que fossem embora e voltassem 12 horas mais tarde, quando foram instruídos a tentar outras 200 vezes.
Embora não soubessem que havia uma maneira bem mais simples de resolver os problemas, os pesquisadores perceberam exatamente quando eles descobriam o atalho, pois a velocidade da resolução da tarefa aumentava de repente. Muitos dos participantes descobriram o truque durante a segunda sessão, e esta chance aumentou 59% depois de uma noite de sono. De alguma forma o cérebro adormecido estava solucionando esse problema - sem nem mesmo saber que havia algo para solucionar.
Quanto mais pesquisamos o assunto, mais percebemos que o cérebro está longe da inatividade enquanto dormimos. Está claro que o sono pode consolidar memórias por meio de seu aprimoramento e estabilização e pelas descobertas de padrões dentro do material estudado, mesmo quando não sabemos que pode haver padrões ali. É óbvio, portanto, que economizar nas horas de sono prejudica esses processos cognitivos: alguns aspectos da consolidação mnêmica só são possíveis quando temos mais de seis horas de sono. Perca uma noite, e as memórias do dia podem ser comprometidas- uma constatação perturbadora em uma sociedade na qual a privação de sono se alastra em proporções epidêmicas.
Mas por que certas funções cognitivas só entram em ação quando estamos dormindo? Não faria mais sentido se essas operações ocorressem durante a vigília? Talvez fizesse, mas as pressões evolutivas que tornaram o sono humano o que ele é hoje já existiam muito antes do advento da alta cognição. Funções como a regulação do sistema imunológico e o uso eficiente de energia (por exemplo, caçar de dia e descansar de noite) são apenas duas das muitas razões pelas quais faz sentido dormir num planeta que alterna a luz e a escuridão. E como já tínhamos a pressão evolutiva para dormir, o sistema nervoso acabou usando esse tempo para processar informações coletadas durante a vigília imediatamente anterior.
O processamento da memória parece ser a única função do sono que exige do organismo estar realmente adormecido, isto é, que ele se encontre alheio ao que acontece ao seu redor, deixando de captar as informações sensoriais. Essa atividade cognitiva inconsciente parece exigir os mesmos recursos cerebrais usados para processar estímulos sensoriais quando se está acordado. O cérebro precisa se desligar do mundo externo para realizar esse trabalho.
Em contraste, embora outras funções, como a regulação do sistema imune, sejam realizadas de forma mais imediata quando o organismo está inativo, não parece haver um motivo para precisarmos perder a consciência. Assim, pode ser que outras funções tenham se desenvolvido para 'tirar vantagem' do sono, que já foi alocado para o período noturno para tecer nossas memórias.
É inegável que ainda restam muitas outras perguntas sobre nossa cognição noturna e sobre a forma exata como o cérebro realiza o processamento de memórias. Essas indagações suscitam uma questão maior sobre a memória em geral: como lembramos certas informações e esquecemos outras? Acreditamos que compreender o sono pode ser a chave para decifrar mecanismos da memória."
Não nos resta dúvidas de que nossa capacidade intelectual é equivalente à agilidade e armazenamento de nossa memória, é pois, o acúmulo de aprendizagem interagindo com o presente, abrigando possibilidades infinitas no futuro. Assim é o movimento do homem. Assim é seu crescimento, seu avanço.
Muita vantagem nos oferece a vida quando decidimos explorar melhor cada momento em que nosso cérebro se encontre desempenhando sua atividade.
(matéria em construção)

terça-feira, 29 de maio de 2012

O REAL

Quando dizemos, "estamos vivos", é quando queremos afirmar que temos consciência, por via de sensasões orgânicas, de nós mesmos em interação com o ambiente - "O conceito neurológico de consciência é que é um estado de atividade de todo o sistema nervoso e, em particular, do cérebro, o qual varia quantitativamente do grau máximo de ação mental até a inatividade completa, como no estado de coma ou em anestesia geral cirúrgica. Embora todas as partes do cérebro possam contribuir para os processos mentais durante a consciência, a atividade mental de todos os tipos parece depender do funcionamento normal de grupos de neurônios no diencéfalo primitivo...(citação em Rossi,E.L.)". É, pois, um fato incondicionalmente estabelecido, de um contexto real do qual pertencemos: da classe dos seres vivos, dos animais - mamíferos mais evoluídos, diferenciados apenas pelo volume crescente de massa encefálica.
Contudo, vence o pensamento organizado, contribuindo para o reordenamento de tal postura "ancestral"; legitima o instinto natural dominante, reestrutura o comportamento num aprimoramento do próprio ser e das condições do ambiente.
Nós somos o nosso organismo que existe! A morte extingue a nossa existência, imortalizada apenas nas nossas ações que a história pretende preservar.
A própria imortalidade humana é aceita unicamente por um viés virtual do sentimento, guiado por um cérebro mágico, onde se encontra um consolo emocional para justificar a pós-existência de uma personalidade ou de um ente querido falecido.
A consciência pertence somente ao mundo objetivo, por assim dizer, um produto do trabalho, da auto preservação e dos anseios do organismo psicossomático - vivemos exclusivamente para a consciência de espécie humana.
Que evolução é essa maneira - não compreendida e absoluta - de ser consciente, dirigida através de hostilizações, lutas latentes e manifestas, ambições, diferenças e indiferenças e emoções: posturas levadas pela auto-afirmação da personalidade e da dominação sugestiva seletiva?
Assim muito, não há o que ser estabelecido pela supra consciência, essa magnífica surpresa desvendada, que reside no obscuro mundo oceânico incosciente da mente humana. Portanto, o que se tem estabelecido e vivenciado maciçamente são condições ligadas a fatos da consciência.
Uma boa adaptação é um exemplo real de como a consciência é maleável e abrangente, envolvendo todo o nosso ser. Quando tudo que é novo, convivendo, se torna cotidiano e passa a ser comum.
Um indivíduo natural de determinada região geográfica que, apesar de perfeita adaptação ou familiaridade, precisasse se mudar, sabe-se que depois de um certo período estabelecido, se adaptaria naturalmente com o relevo, o costume, os modos e os caracteres da aparência de tal povo. Assim é que nos dispersamos de uma realidade maior e condicionalmente enveredamos a superestimar uma condição restrita, aquela apenas hipoteticamente tocaria o pensamento.
(este conteúdo está em construção, portanto, será acrescido, corrigido e reelaborado)