terça-feira, 6 de novembro de 2012

O coletivo cotidiano


Na voragem do tempo, a lição do profeta
é tragada pela língua do vento.
Hoje,
é a tendência da mídia no tempo da mediocridade -
na América do Pau-Brasil não se faz desdém.
Tanto quanto no êxtase de uma bebida,
transbordantes da coloração do estereotipo no lugar
da amizade sincera - dada a fidelidade comungada
na criação da voga, do totem e do ídolo.
A individualidade quando avistada sozinha,
é despojo do hipócrita frenesi.
Defronta-se com a traidora da própria potência,
da própria imagem.
Tropeça-se por ai no vazio trivial -
traídos na decepção da persistência.
Divorciado do porta-voz de si mesmo
por uma voz que silencia no próprio interior.
A fortaleza do fracasso ecoa na era da depressão,
na era do zumbi.
Numa economia feliz, dá o direito da moeda corrente,
dá a vez da posse contundente - que convém.
Mais uma vez,
a expressão bonita é eloquência do agreste, é tentação do argumento -
prá isso o arbitrário se farta de persuadir.
A distração no quintal da emoção esquece
na casa do mundo a tela dos olhos,
não brinca de cérebro da terra e nem lembra do corpo.
A vida faz ninho em brumas do tempo,
tempo esquecido,
tempo soberano,
tempo sutil, tempo que inventa o homem.
Em vez da vida, a Natureza ensina o real.
Música que toca a vida,
cérebro sem crânio,
trilhos que agitam o trem, trem que nunca pára.
Toneladas vêm, toneladas vão e o giro da velocidade,
rápido como luz, como pensar.
Seiva do nascimento, na alcova da inquietação,
vai para a morte, sempre ser igual.
Seiva eletrizante, desliza no tubo feito dragão,
não como se fosse de olhos, mas de luz do invento.
Feito máquina, de mãos que empurra o comboio
no labirinto das circunvoluções.
Nisso, o inebriado se faz de largo,
isso é arte do mundo,
mas, ambreada de vida, só se vê o palhaço.
Dada a "Resposta Estrita",
a inscrição ecoa na sombra real,
perfeito fenômeno -
criação seja da natureza do homem.
Assim se despoja a "Morte de Deus"!
Num lapso do ímpeto,
o antropocentrismo alude a Razão indigente.
Dada a psique derrotada,
nela compacta o egocentrismo eloquente, faminto.
Assim, no buraco escavado ausente o Deus-Pai esperar.