quinta-feira, 6 de junho de 2013

GIGANTE ADORMECIDO


Psique deusa do mundo,
reino dos homens.
Persuadidos vão no sopro que enleva.
Seguem os passos largos do capricho.
A incúria jamais tem culpas.
O fruto é de fascínio,
contornos de formosura.
O solo é rosto de homem,
as coisas preâmbulo de mãos:
máquinas que falam, que ouvem e enxergam,
que pensam e decidem.
O homem, mais do que nunca,
adorno de psique.
Sem germe, é terra vazia.
Sem primatas é lugar desprovido.
Em sítio simão, a psique é homem:
animal dominante, de cabeça uivante,
mas é luz que se apaga.
Cabeça de dois cérebros,
psique de duas faces:
se uma se mostra,  a outra se oculta;
se uma é perspicaz, a outra é sábia;
se uma é patrimônio, a outra é memória sempre.
A perspicaz vive de competência,
a outra de essência.
Mas, quando interagem e se integram é radiante epopeia,
é objeto sem extensão e sem peso;
não é sonho, nem ilusão,
mas, um imponente fenômeno de iluminação.


terça-feira, 21 de maio de 2013

UMA ODISSEIA DO SONHO


Num súbito,
no vazio soturno,
no leito do infinito, salpicado de reluzentes matizes,
das profundezas do esmo eflui ansiosa golfada vulcânica,
mais veloz do que apressado relógio.
De onde vem, pra onde vai, ninguém sabe, só o Destino conhece.
Mas o generoso Tempo acolhe o Destino:
de imensas mãos invisíveis, insensíveis ao fogo, ancora suas extremidades.
Antes ardente, agora planeta azul: gigante atlante embreado do deus Helius.
Logo, de tal repouso nas alturas do ermo profundo,
me arrojo na vertigem do abismo,
atraído pela força que não desiste de imanar,
então me encontro na multidão das almas nativas,
lugar que se tornou morada de viver e de dormir.
Também, de contemplar, sofrer e caminhar.
Pra depois aprender amar.
De tal feito,
na forja desse corpo que virou gente;
desse fogo que se tornou terra;
dessa terra que se tornou água.

sábado, 18 de maio de 2013

A EPOPEIA HUMANA


Eis que a febre será curada, mas a cicatriz ficará

De vontade me detenho, de prazer me alegro,
mas me exacerbo de solidão na minha mente sentença.
Quando de tristeza piorar, de solidão a expirar.
Solitário me encontro no ermo de meus pensamentos, de meus caminhos, de meus movimentos,
não há lugar nenhum, não há gente alguma nesse mundo que pertenço.
Se a enfermidade vier e lacerar o meu corpo ou a minha alma,
só de imaginar minha imagem se apagará. Que indiferença terrível!
O céu, a terra, os homens são exigentes, não dá pra se omitir e descansar.
Eis que nem a morte, tão logo, me quer.
Vivo na multidão que tem consolo, mas quando durmo,
na escuridão, meu corpo transpira e respira por si mesmo.
Ouço rumores,
vejo formas,
inspiro odores,
mas, no entanto, sem nenhum acalento.
Não há respostas,
não há gestos,
tento me imanar de desejos, de sensações, de prazer,
mas com a cabeça no tempo que me dita que é em vão.
Até a genialidade me nega,
mas vou assim mesmo, até que o silêncio me faça entender que o sol do
entardecer aquecerá a noite da vida.
Essa vida que esconde da alma o que é infinito e eterno.
Quando eu me encontrar com a primazia do mundo,
da inteligência e do amor,
então, esse silêncio me fará repousar.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

DEUS NO INCONSCIENTE


O Estilo é o Homem
 
O Deus do homem é um deus encefálico: de cérebro e paixão.
É pai como pai (inconscientemente) idealizado: afetos e desafetos estão cravados num estereótipo mental que caracteriza a fé.
No mar e no mundo nasceram plantas, animais e gente.
Que nasceram pelo foco, raio e fluxo do fluido e vibrações cíclicas da energia, da vontade e do desejo inteligente.
Num instante, partículas, núcleos e citoplasmas se chocam na coesão do espaço e do tempo e o mundo se converge sobre si mesmo; a physys nasce para a vida gravitacional, numa dinâmica incrível!
Mas o homem, agora, olha curiosamente para a imensidão sensível.
Me fecho no circuito da matéria, me prendo no tempo e só quero sentir.
Existo porque existo.
Se eu pudesse além da vida ouvir e se eu pudesse da sua genialidade aprender!
Mas meus olhos e meus ouvidos estão presos na carne.
E esse mundo que é mundo do sol!
Nascemos pra luz e morremos quando o sol se apaga e a alma se acende.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

TRAVESSIA PELA SUGESTÃO

Trinta minutos e o homem desfaz a ilusão;
congela as convenções, protocolos e sistemas;
se desfaz do limbo do intelectualismo.
Trinta minutos é o tempo para percorrer e ultrapassar as barreiras do positivismo e do relativismo!
Logo se demove na relatividade do momento, do lugar e do movimento e chega-se nas estações da dimensão.
Tempo vencido, mito demovido - nas margens do "Rio do Esquecimento" se navega!
Momento para perceber que viver a vida não é escravizar a matéria e andar de avião;
não é viver impregnado da perspicácia da estratégia e obedecer regras estatuídas, e da burocracia.
São trinta minutos - consciência indelével, envolta em brumas delicadas, deslizantes em mar sereno.
Viagem necessária para que toda pressão do mundo e do corpo e toda pressão da consciência, fantasias e crenças se desvaneçam, e a realidade instintiva do homem biológico se decomponha nos átomos da efígie do homem integral, que se vislumbra e sobrevive nos arquétipos da memória inconsciente. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ESPELHO NOS OLHOS

(É tarde, o momento é do pensamento)

De olhos no espelho.
Só um rosto.
Rosto ainda suspeito.
A atitude, o lugar, os raios são dos olhos.
Olhos que guiam o meu cérebro, que dizem estou ali, estou aqui, eu mesmo diante de mim.
E dentro, que outro existe senão carne, calor, fome, sede e frio, no fogo e escuridão da descendência!
Nada mais além de sentidos, cérebro e pensamento.
Nada mais seria possível do que ver, ouvir e respirar.
Respirar um sonho, uma imagem. Uma esperança me agita  e me transporta para além de tudo isso.
Mas me diz, tudo ilusão, pura ilusão e depressa se desfaz, como vapor na era, como o que é dolorido, pesado, impelido e responsável.
A aparência no contraste da postura é autoridade, é dominância que impregna timidez e respeito.
Assim é o jeito do homem, somente a voz pode diluir essa imobilidade fugidia, esse impacto da obstinação, essa cumplicidade eletrizante.
A imagem, o relevo da carne é magia da fascinação.
E ainda muito mais, se pelo cérebro for sagaz.
É como um deus regado, é um sonho colorido que rabisca nas paragens de tudo com cabeça de Dragão.
A dinastia dos compostos líquidos, químicos e elétricos da cabeça imponente, inteligente e política acaima e afaima a poesia e a arte da vida , destitui os devaneios do belo e da luz e do sábio.
E os números, então! Nem dizer.
Por assim se fizeram as coisas. "Coisas que se tornaram causa, ossos e carne. Que viraram pés, mãos, olhos e imagem."
Mas os números são o sabor do pensamento. Sabor da atração do minério, da luz das estrelas!
Ludibrioso é o homem que adornado de números, inventou o jogo mágico da razão e do cálculo.
Já a Lógica, é a musa encantadora que atraiu a evolução, que coibiu o homem e derramou o efêmero para aproximar a causa na madrugada do tempo!