segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A DOUTRINA SUPERIOR PRECISA SER PROVOCADA - "O CONTRAPONTO" -Caridade justa e não cumplicidade; -Compaixão empática e não comoção; -Amor do espírito livre e não codependência; A posição que se coloca a imensa massa seguidora da força pensante, consolidando, de antemão, a força vital proveniente do instinto de vida, da auto preservação, do ego, da personalidade formada pela herança genética, pela cultura e pela educação colocam o Espírito da Consciência Única e Universal na posição de mera superficialidade teológica do mundo surreal e da contradição gnóstica, humilhando, assim, a sua própria essência existencial. Na realidade, a sensação de vitalidade advém, sobremaneira, do organismo biológico, dessas 10 trilhões de células da inteligência que o constitue e deste modo 'DEUS' está em tudo e em todos; "uma Consciência Absoluta, Oniciente, Onipresente: a consciência única da ubiquação e da onissapiência" Havemos de nos atentar, portanto, que a "prece" confiante é, acima de tudo, uma "provocação" da Consciência Única, latente em todos nós, que promove um "evento quântico (submicroscópico)" particular e universal, portanto, uma reação do fenômeno metafísico. Assim se inaugura uma consciência de que tal iniciativa de teor psíquico é intrínseca à mecânica cósmica. Então se pergunta: -há mesmo um "ser superior" que possa confrontar-se com a autonomia do homem? Já que o homem, pelo livre arbítreo, se apropria do ambiente geográfico e do conhecimento e se auto afirma como um autêntico inovador, aclamado pela consagração de sua potencialidade e estabelecido o seu predomínio na natureza física e psicológica, quando todo plano criativo ancestral e anterior ao homem se torna apenas um acessório e objeto do elemento passivo e deteriorado?

sexta-feira, 17 de maio de 2019

OCEANO PSÍQUICO


Toda criança, todo bebê, tem seu encanto, sua pureza, sua majestosa ternura, mobilidade ingênua e singela de ser.                                                                                           Sua inferência é só um apelo do instinto da fome, do conforto corporal e do carinho, que se manifesta na queixa simbólica do choro e da verbalização.                                       Mas a sua alma, - ah doce alma -, é mansa, pacifica e radiosa. É morada dos deuses.     Ainda não se preocupou e se embebedou com as coisas do mundo:                                  com os bens e as fantasias da criação humana;                                                                    com a sua própria imagem;                                                                                                          com o que ainda não tem, mas almeja, para consolidar sua plenitude.                               Mas, sua alma está dissolvida no embalo dos ciclos, das ondas, dos raios e ritmos da natureza;                                                                                                                                            no encantamento dos sons, das cores e formas;                                                                        nas melodias e sinfonias dos campos, dos riachos e cachoeiras, dos mares e montanhas, dos passarinhos e feras ingênuas das florestas.                                                   A infância do homem e dos animais têm a pele tenra, hálito puro, perfumado. Atitudes de gracejo, num encanto quase angelical. Inspira o aperto do abraço ardente, o beijo sublime da mãe que acolhe, a mordida que traduz o tirar um pedacinho.           Porém, é um desejo crú de retornar, e ser criança. É como um sonho, quando se está correndo com o movimento das pernas, e nunca alcança, e nunca foge!                             É um ser sem ser.                                                                                                                             Feliz o homem que se inicia no cântico da majestosa combinação da lógica e razão atribuída aos murmúrios da inocência da infância, que sutilmente se move daqui prá acolá na sombra do eu.                                                                                                                   Qual, pois, seria a condição da genialidade humana?                                                               Outra coisa não seria, senão a da apropriação da razão interessada em observar e abstrair a lógica da natureza e da própria existência de si.                                                     O homem criou um código, um mantra de devoção à admirável deusa da inocência. E a inocência foi concedida a todas as criaturas, os seres vivos. E se eternizou no inconsciente e na genética de todos nós. E o homem viu que era bom dar um nome para que todos os homens seguissem e se impregnassem de persuasão. E o homem viu que era bom quando a inocência dominava o seu coração. Então ele deu o nome de Amor!

terça-feira, 12 de julho de 2016

               


GENESIS

                               A queda original do homem
                               A perda do Paraíso

A perda do Paraíso é o nascimento da consciência lógica/racional
em detrimento da consciência divina/espiritual.
O espírito (ou mônada) é atraído para a necessidade da experiência
física, do organismo regido pelo instinto animal,
ocorrendo assim uma espécie de forjamento de sua essência.
É como a barra de ferro,
que levada ao fogo, é sovada em bigorna,
com  finalidade da maior dureza e forma, tornando-se,
por fim, uma ferramenta útil.
Pela carne, o espírito cria movimento e se envolve com
a Lei da Natureza e desta feita, caminha  na trilha da
conscientização de um novo estado de ser.
A mônada-espírito, então se desloca de uma condição de estado absoluto latente
para o estado relativo manifesto.

                              O castigo
                              O homem é sujeito às intempéries 
                              da sobrevivência
A Engenharia Psíquica Superior constatou que não seria viável
derivar de apenas uma única vida corpórea o cabedal lógico
necessário para amadurecer e emancipar a mônada-espírito, mas,
ampliar a sua consciência relativa.  
Para resolver o problema destinou à mônada-espírito a
condição aleatória de muitas mortes e renascimentos, em
conformidade com a necessidade de ser atraída ao organismo
biológico.
Assim se constitui a reencarnação, importante manobra
da engenharia cósmica para a formação da estrutura inconsciente da
personalidade.
De fato, se verifica que o pensamento inconsciente
é que diz a verdade a respeito dos atributos de nossa
individualidade.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O TEMPO DAS PROVAS E EXPIAÇÕES



O homem marcado de provas e expiações está moribundo.
A Terra se renova pelas mutações do tempo e
do esforço do homem que visto não ser em vão.
O que é o amor e a inteligência senão um caminho
que se escolhe e remove a ignorância:
Um só Caminho
Uma só Verdade
Uma Vida somente
Arrependei-vos! O tempo é veloz e jamais espera alguém.
Agora, depara-se com águas divisórias:
rio caudaloso, corredeiras aflitas e reluzentes
a entorpecer o labirinto da alma.
O homem convalescido ali está,
desprovido de reforços valentes e de hálito titubeante
no vale verdejante.
A sombra do medo, da onipotência, da covardia e
de Narciso ainda inquietam as suas entranhas.
Feliz o que se deixa levar pela reflexão inspiradora.
Já que a reflexão intuitiva é inimiga da fatalidade e do remorso.
...Homem dotado de razão e de carne de animal,
filho do espírito e da verdade!
Essência que encarna o Ideal e sofre na trajetória da
ignorância e da luta, para conhecer-se a si própria e
perseguida pela luz singela e inebriante da vida!...
Na regressão e lembrança do Inconsciente, pela
natureza de seu cérebro, a essência se desperta
para revelar-se imortal e feita de uma vida somente.
A imagem corporal já não é mais, tão somente, a do
corpo de carne, mas a imagem do corpo vaporoso
(a ressurreição), do qual germina o pensamento e
 se organiza o veículo das reencarnações subsequentes.
Logo, esse locus da ciência da vida espírita - o Hipnotismo -
vem contribuir na tarefa esclarecedora. Posto que,
o homem já carrega em si esse germe da vida espírita,
uma crença inata na sobrevivência de si (ou de sua alma) e
de além túmulo; e todas as religiões e
filosofias, modernas ou antigas, dizem a respeito do
mesmo universo.
...Lançada a base universal de uma nova compreensão de
homem e de mundo, na qual se extinguem as divergências
bélicas e ideológicas das raças e nações. Outros valores e
costumes advirão. Só se institui uma ciência se ela for
universal, comum a todos os viventes!...
Enfim, o Hipnotismo expressa o significado mais profundo
das atitudes, crenças e pensamentos. Vem unir a ciência
e o comum; dar vida e realidade às variantes do sono.
Volita em nossos sentidos, em nosso sentimento, uma vontade
que está bem mais além de nosso senso de realidade.
A Revelação quis que se fizesse ouvir através do sono
assistido a sua presença.
Sim, o homem, desde os primórdios, manteve consigo, o
domínio e o controle sobre os estados alterados de
consciência, ora em busca do saber, ora em busca da
cura.
E abriu precedente para que ocorresse a "boa nova" que
se instaura na comunidade humana, na mesma hora em que
ocorrem surpreendentes mutações genéticas no cérebro humano,
e que são percebidas nas atuais gerações, de nossos filhos e
de nossos netos.

quinta-feira, 6 de março de 2014

O CABEDAL DAS CRENÇAS


No decorrer da história, os inúmeros sistemas de crenças, estabelecidos na espécie humana, estimularam estilos de vida das mais variadas estirpes, condensando-se em nações, famílias, costumes, filosofias, religiões, leis, conceitos morais, etc.
Hoje nos defrontamos com o pensamento da eficiência, da produtividade e atitudes globalizadas influindo na maioria das culturas conhecidas.
O cotidiano global vem alterando a praticidade, prevalecendo uma versatilidade incondicional: as distâncias
se encurtaram e o tempo tornou-se muito veloz numa super população que exige pressa nas resoluções de suas dificuldades.
Vivemos inundados de agendas, deveres e necessidades "reproduzidas", desenvolvemos estratégias que garantam a segurança e a estabilidade financeira, porém, cultivamos virtudes ascensionais estratificadas da sociedade elitista.
A criação de artifícios forjam a Natureza acalentadora e imprescindível do reconhecimento da harmonia holística na compreensão de mundo.
O mito é o próprio ego, que oferta o prêmio do exílio do ser nas entranhas da solidão.
A mente do homem adoece?
Uma ilusão dissimula feito camaleão na selva.
O imaginário abriga o ser nativo que é arrebatado pelos fios da persuasão do ser ideológico: o terreno da ilusão.
Ilusões que assenhoram atribuições;
Ilusão que deflagra a marginalidade se assim não for objeto de veemência.
Neste mundo "do real", os bens perecíveis -que não seguem os mortos para consolá-los- e os valores individuais submetem a mente na afluência oceânica das crenças ideológicas, como um processo obsessivo- compulsivo da mente coletiva e inconsciente, restando apenas, um contrassenso questionar tal condição.
Contudo, ao diluir a impregnação do ego e dos sistemas pela reflexão meditativa, impulsionado pelo desejo e pela força da crença do pensamento transcendente, um influxo arrebatador da experiência de fenômenos cognitivos inusitados toma posse do ser e uma certeza floresce sobre si mesmo, quando se crê nas virtudes superiores em si mesmo. É o prelúdio manifesto de faculdades latentes no ser humano.
Assim, nos deparamos com dois processos de abertura da censura, no mecanismo de proteção da mente:
 a alteração da consciência -espontânea ou trabalhada- pelo transe hipnótico;
 e o desprendimento do cotidiano pessoal, crenças e ideologias pela manifestação da cognição extrafísica.
O transe hipnótico ocorre no corpo somático e a manifestação da cognição extrafísica na psique bem treinada, movida pela paixão e desejosa do bem e do avanço do espírito do homem.
(texto em construção- suscetível a alterações)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A FACE DO SIGNO

Somos reais?
Logo a Realidade, a Natureza e o Cosmos existem!

Caminhando mais além, todas as coisas sugerem uma Pré-existência de uma Ação Psíquica de Magnitude, configurando um plano absoluto e incognoscível.
Hipoteticamente, se trataria de uma anterioridade consciente e pressupõe uma realização. Sendo a matéria produto da consciência, e consciência é da natureza psíquica.
Desde que, seria a dimensão psíquica que daria origem a todas as formas -a aparência- e a todas as funções e um ritmo a todos os aspectos da natureza sensível. (tal premissa seria aceita hoje?)
Mas, desde que seja insustentável afirmar que a primeira matéria (ou energia) -que já se denomina Deus-, seja da origem psíquica primordial. Porém, é possível crer que toda obra humana advém do pensamento criativo -mesmo que seja intervindo na matéria- e que toda ação é produto de um mínimo de consciência.
Retomando o ideal de tempos remotos, verificamos que na Antiguidade, respeitados sábios (nórdicos e mediterrâneos) nutriam um pensamento de que seria incongruente conceber qualquer formulação sobre Deus e quem assim o fizesse seria um grande tolo.
Contudo, para tais sábios, só se poderia dizer da emanação do Absoluto através da ação de Entes muito  superiores, na condição de um deus ou deusa, que regidos pela força de seu espírito, se tornariam engendradores de cosmos e mundos e de todas as coisas. (estaríamos recorrendo à crença da mitologia antiga?)
Mas o vulgo sempre se oculta em trincheiras do ceticismo e do preconceito, porém, a mitologia desdobra os enigmas do sentimento, da razão e do sofrimento e amaina o espírito!
Quanto a cosmologia ou a cosmogonia, os indícios corroboram no que afirmavam os sábios, o nosso universo tem um limite, ele é finito e gravita alinhado com uma imensidão de outros universos no esboço de um Cosmo gigantesco que os arrebanha em seu sulco, -assim qual a Terra, o Sol e os infinitos mundos e sóis que gravitam neste Universo, ao qual pertencemos e nos vislumbramos tanto.
Pela lógica, esse mesmo universo dantesco esteja inserido, juntamente com outros infinitos gigantes, no arcabouço de um outro titã. E assim sucessivamente, num desdobramento incessante, porque a existência caminha num ritmo de transformações infindas.
No Universo, a Terra é grão de areia, é partícula do átomo.
De olhos telescópicos, a imagem se amplia, causa espanto: cores, movimento e história.
Destarte, bandos macho e fêmea:
pele grotesca, pelagem símia, 4 patas, folhas, frutos e carniça;
elevados nas copas protegidos.
Eis que despertada a psique desses bandos guturais e domina sem igual, no chão, no gene e no instinto, com  melodia, arte, formosura e signos. Inaugura-se outras consciências num cérebro dotado de destino, num cérebro de alma potencializada. Todo o "kósmos" permanece saturado de psique e de alma e se desdobra no homem com o formato da sofisticação e do conhecimento.




quinta-feira, 6 de junho de 2013

GIGANTE ADORMECIDO


Psique deusa do mundo,
reino dos homens.
Persuadidos vão no sopro que enleva.
Seguem os passos largos do capricho.
A incúria jamais tem culpas.
O fruto é de fascínio,
contornos de formosura.
O solo é rosto de homem,
as coisas preâmbulo de mãos:
máquinas que falam, que ouvem e enxergam,
que pensam e decidem.
O homem, mais do que nunca,
adorno de psique.
Sem germe, é terra vazia.
Sem primatas é lugar desprovido.
Em sítio simão, a psique é homem:
animal dominante, de cabeça uivante,
mas é luz que se apaga.
Cabeça de dois cérebros,
psique de duas faces:
se uma se mostra,  a outra se oculta;
se uma é perspicaz, a outra é sábia;
se uma é patrimônio, a outra é memória sempre.
A perspicaz vive de competência,
a outra de essência.
Mas, quando interagem e se integram é radiante epopeia,
é objeto sem extensão e sem peso;
não é sonho, nem ilusão,
mas, um imponente fenômeno de iluminação.


terça-feira, 21 de maio de 2013

UMA ODISSEIA DO SONHO


Num súbito,
no vazio soturno,
no leito do infinito, salpicado de reluzentes matizes,
das profundezas do esmo eflui ansiosa golfada vulcânica,
mais veloz do que apressado relógio.
De onde vem, pra onde vai, ninguém sabe, só o Destino conhece.
Mas o generoso Tempo acolhe o Destino:
de imensas mãos invisíveis, insensíveis ao fogo, ancora suas extremidades.
Antes ardente, agora planeta azul: gigante atlante embreado do deus Helius.
Logo, de tal repouso nas alturas do ermo profundo,
me arrojo na vertigem do abismo,
atraído pela força que não desiste de imanar,
então me encontro na multidão das almas nativas,
lugar que se tornou morada de viver e de dormir.
Também, de contemplar, sofrer e caminhar.
Pra depois aprender amar.
De tal feito,
na forja desse corpo que virou gente;
desse fogo que se tornou terra;
dessa terra que se tornou água.

sábado, 18 de maio de 2013

A EPOPEIA HUMANA


Eis que a febre será curada, mas a cicatriz ficará

De vontade me detenho, de prazer me alegro,
mas me exacerbo de solidão na minha mente sentença.
Quando de tristeza piorar, de solidão a expirar.
Solitário me encontro no ermo de meus pensamentos, de meus caminhos, de meus movimentos,
não há lugar nenhum, não há gente alguma nesse mundo que pertenço.
Se a enfermidade vier e lacerar o meu corpo ou a minha alma,
só de imaginar minha imagem se apagará. Que indiferença terrível!
O céu, a terra, os homens são exigentes, não dá pra se omitir e descansar.
Eis que nem a morte, tão logo, me quer.
Vivo na multidão que tem consolo, mas quando durmo,
na escuridão, meu corpo transpira e respira por si mesmo.
Ouço rumores,
vejo formas,
inspiro odores,
mas, no entanto, sem nenhum acalento.
Não há respostas,
não há gestos,
tento me imanar de desejos, de sensações, de prazer,
mas com a cabeça no tempo que me dita que é em vão.
Até a genialidade me nega,
mas vou assim mesmo, até que o silêncio me faça entender que o sol do
entardecer aquecerá a noite da vida.
Essa vida que esconde da alma o que é infinito e eterno.
Quando eu me encontrar com a primazia do mundo,
da inteligência e do amor,
então, esse silêncio me fará repousar.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

DEUS NO INCONSCIENTE


O Estilo é o Homem
 
O Deus do homem é um deus encefálico: de cérebro e paixão.
É pai como pai (inconscientemente) idealizado: afetos e desafetos estão cravados num estereótipo mental que caracteriza a fé.
No mar e no mundo nasceram plantas, animais e gente.
Que nasceram pelo foco, raio e fluxo do fluido e vibrações cíclicas da energia, da vontade e do desejo inteligente.
Num instante, partículas, núcleos e citoplasmas se chocam na coesão do espaço e do tempo e o mundo se converge sobre si mesmo; a physys nasce para a vida gravitacional, numa dinâmica incrível!
Mas o homem, agora, olha curiosamente para a imensidão sensível.
Me fecho no circuito da matéria, me prendo no tempo e só quero sentir.
Existo porque existo.
Se eu pudesse além da vida ouvir e se eu pudesse da sua genialidade aprender!
Mas meus olhos e meus ouvidos estão presos na carne.
E esse mundo que é mundo do sol!
Nascemos pra luz e morremos quando o sol se apaga e a alma se acende.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

TRAVESSIA PELA SUGESTÃO

Trinta minutos e o homem desfaz a ilusão;
congela as convenções, protocolos e sistemas;
se desfaz do limbo do intelectualismo.
Trinta minutos é o tempo para percorrer e ultrapassar as barreiras do positivismo e do relativismo!
Logo se demove na relatividade do momento, do lugar e do movimento e chega-se nas estações da dimensão.
Tempo vencido, mito demovido - nas margens do "Rio do Esquecimento" se navega!
Momento para perceber que viver a vida não é escravizar a matéria e andar de avião;
não é viver impregnado da perspicácia da estratégia e obedecer regras estatuídas, e da burocracia.
São trinta minutos - consciência indelével, envolta em brumas delicadas, deslizantes em mar sereno.
Viagem necessária para que toda pressão do mundo e do corpo e toda pressão da consciência, fantasias e crenças se desvaneçam, e a realidade instintiva do homem biológico se decomponha nos átomos da efígie do homem integral, que se vislumbra e sobrevive nos arquétipos da memória inconsciente. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ESPELHO NOS OLHOS

(É tarde, o momento é do pensamento)

De olhos no espelho.
Só um rosto.
Rosto ainda suspeito.
A atitude, o lugar, os raios são dos olhos.
Olhos que guiam o meu cérebro, que dizem estou ali, estou aqui, eu mesmo diante de mim.
E dentro, que outro existe senão carne, calor, fome, sede e frio, no fogo e escuridão da descendência!
Nada mais além de sentidos, cérebro e pensamento.
Nada mais seria possível do que ver, ouvir e respirar.
Respirar um sonho, uma imagem. Uma esperança me agita  e me transporta para além de tudo isso.
Mas me diz, tudo ilusão, pura ilusão e depressa se desfaz, como vapor na era, como o que é dolorido, pesado, impelido e responsável.
A aparência no contraste da postura é autoridade, é dominância que impregna timidez e respeito.
Assim é o jeito do homem, somente a voz pode diluir essa imobilidade fugidia, esse impacto da obstinação, essa cumplicidade eletrizante.
A imagem, o relevo da carne é magia da fascinação.
E ainda muito mais, se pelo cérebro for sagaz.
É como um deus regado, é um sonho colorido que rabisca nas paragens de tudo com cabeça de Dragão.
A dinastia dos compostos líquidos, químicos e elétricos da cabeça imponente, inteligente e política acaima e afaima a poesia e a arte da vida , destitui os devaneios do belo e da luz e do sábio.
E os números, então! Nem dizer.
Por assim se fizeram as coisas. "Coisas que se tornaram causa, ossos e carne. Que viraram pés, mãos, olhos e imagem."
Mas os números são o sabor do pensamento. Sabor da atração do minério, da luz das estrelas!
Ludibrioso é o homem que adornado de números, inventou o jogo mágico da razão e do cálculo.
Já a Lógica, é a musa encantadora que atraiu a evolução, que coibiu o homem e derramou o efêmero para aproximar a causa na madrugada do tempo! 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O coletivo cotidiano


Na voragem do tempo, a lição do profeta
é tragada pela língua do vento.
Hoje,
é a tendência da mídia no tempo da mediocridade -
na América do Pau-Brasil não se faz desdém.
Tanto quanto no êxtase de uma bebida,
transbordantes da coloração do estereotipo no lugar
da amizade sincera - dada a fidelidade comungada
na criação da voga, do totem e do ídolo.
A individualidade quando avistada sozinha,
é despojo do hipócrita frenesi.
Defronta-se com a traidora da própria potência,
da própria imagem.
Tropeça-se por ai no vazio trivial -
traídos na decepção da persistência.
Divorciado do porta-voz de si mesmo
por uma voz que silencia no próprio interior.
A fortaleza do fracasso ecoa na era da depressão,
na era do zumbi.
Numa economia feliz, dá o direito da moeda corrente,
dá a vez da posse contundente - que convém.
Mais uma vez,
a expressão bonita é eloquência do agreste, é tentação do argumento -
prá isso o arbitrário se farta de persuadir.
A distração no quintal da emoção esquece
na casa do mundo a tela dos olhos,
não brinca de cérebro da terra e nem lembra do corpo.
A vida faz ninho em brumas do tempo,
tempo esquecido,
tempo soberano,
tempo sutil, tempo que inventa o homem.
Em vez da vida, a Natureza ensina o real.
Música que toca a vida,
cérebro sem crânio,
trilhos que agitam o trem, trem que nunca pára.
Toneladas vêm, toneladas vão e o giro da velocidade,
rápido como luz, como pensar.
Seiva do nascimento, na alcova da inquietação,
vai para a morte, sempre ser igual.
Seiva eletrizante, desliza no tubo feito dragão,
não como se fosse de olhos, mas de luz do invento.
Feito máquina, de mãos que empurra o comboio
no labirinto das circunvoluções.
Nisso, o inebriado se faz de largo,
isso é arte do mundo,
mas, ambreada de vida, só se vê o palhaço.
Dada a "Resposta Estrita",
a inscrição ecoa na sombra real,
perfeito fenômeno -
criação seja da natureza do homem.
Assim se despoja a "Morte de Deus"!
Num lapso do ímpeto,
o antropocentrismo alude a Razão indigente.
Dada a psique derrotada,
nela compacta o egocentrismo eloquente, faminto.
Assim, no buraco escavado ausente o Deus-Pai esperar.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AS PUPILAS DO UNIVERSO

AS PUPILAS DO UNIVERSO - A Emancipação do Ser: "EU SOU"


[...E as estrelas caíram ao chão.
E as estrelas estão na areia, misturadas com os cristais.
E os cristais se renovam na essência de sua luz; e o Espírito na Ciência.
A Ciência é a arte que se esconde no segredo da Natureza.
A Ciência está na atitude de conhecer, no saber abstrair da simples percepção: matriz de toda intuição.
A arte do pensar enxerga o mecanismo e a inteligência: a experiência do intransitivo Ser na abrangência do intrínseco ao extrínseco. 
Contudo, a vida desfere a absolvição de toda espécie de aberração, da tirânica perversão e da ingenuidade e recrudescimento do incognocível estigmatizante e arbitrário.]


Da Incerteza ao Vazio e o Paradoxo de uma sensação de infinitude, de imortalidade na vivência do ser no mundo; a certeza de uma relação estreita de apropriação e liberdade na natureza.
E tanta variabilidade num mundo que transborda em atitudes: um viver implicitamente focado no centro da consciência.
A concentração está circunscrita na necessidade da dissolução dos desejos e adversidades emergentes, que se transformam em experiência de vida, emancipando-se na excursão da individualidade.
Muitos se reportam convencidos de um arquétipo, sob o qual uma mente coletiva estabeleça determinada simbologia que dirige a particularidade, e é verdade. E por que não haveria de ocorrer esta marca restrita à singularidade, sobre si mesma? Contudo, se nega qualquer dimensão de uma construção simbólica autônoma a priori, outorgada pela (suposta) "anterioridade existencial" num organismo expirado pelo tempo que já existiu, ou seja, há resquícios de experiências pré-existencial preservadas nos escaninhos do "grande oceano" do Inconsciente pessoal: bem seja, magnífico arquivo psíquico da existência de um ser real que "coanimou" [coabitou] um mamífero ou um ser vivo numa geração anterior. Trata-se de uma espécie de substrato particularizado, constituinte das aspirações e sofrimentos humanos do hoje. Enfim, afirmamos que a reencarnação da alma é uma realidade.
É, com ponderação, fato estudado, retratado no fenômeno da Hipnose, especificamente, na Regressão Hipnótica, cito pura manifestação de fenômenos transpessoais, demonstrando elementos psíquicos existentes que atravessam o cotidiano comum - na psicoterapia, é o objeto da cura, da regulação do todo no indivíduo: não mera vaidade, discurso evasivo, tampouco, transgressão divina das refutações alusivas.
Há apenas alguns séculos, e podemos ter sido formiga ou baleia, cachorro ou cavalo, ou uma ave qualquer ou, mais distante, dinossauro ou ameba.
Atualmente, coanimamos um mamífero bem mais evoluído: um organismo humano, que se diferencia dos demais pelo volume do seu cérebro e pela camada cortical.
Numa situação hipnótica profunda, as recordações de vidas passadas, são muitas vezes, de "indivíduo físico antes de adquirirem autoconsciência individual. Provavelmente, progrediram através de mamíferos mais evoluídos, frequentemente para primatas, durante a evolução normal."
"...Os mamíferos superiores são conscientes, porém sua autoconsciência é vaga, lhes falta intelecto. Nossa autoconsciência pensante é para eles difícil e dolorosa, às vezes enlouquecedora."
O organismo humano é o único corpo físico que possibilita a alma adquirir autoconsciência plena. Somente após vários ciclos reencarnatórios, de vida e morte, a alma vai se tornando cada vez mais capaz de expressar o potencial autoconsciente [a Natureza: da Latência à Manifestação].
"A primeira ponte entre os animais e as pessoas é o volume crescente de cérebro. A outra, é a companhia das pessoas, animais domesticados como cavalos, cães, às vezes gatos."
Em sessões não raras, alguns relatos são de pertencimento a um grupo "indissolúvel" de almas. Uma situação um tanto obscura para ser descrita pela pessoa hipnotizada: à maneira de um elétron que salta da órbita de seu átomo, "...separaram-se (desta) massa psíquica geral, uma espécie de bolo de almas (e andam) pela Terra pela primeira vez, como substância de alma frescamente individualizada"*, depois, no momento em que a alma se encontra dissociada do organismo físico que lhe pertenceu (já falecido), no intervalo "entre vidas" - quando está cercada de outra dimensão [a etérica], retorna para esse seu habitat indefinidamente.

Também, há quem se engane querer que, ao relembrar de uma existência anterior, iremos nos deparar com uma pessoa perfeitamente idêntica, com as mesmas características biológica ou fisiológica, social, econômica ou geográfica do tempo atual, tal como família, cultura, raça e cor.
Segundo nossas experiências, há sempre um início e um fim do existir como pessoa, como identidade.
Inicia-se um ciclo ao nascermos e termina ao morrermos, e jamais existirá um ciclo igual em outro momento.
Na Natureza nada morre e depois revive. Essencialmente, apenas a química básica é imutável e a mistura dos seus elementos está subordinada às inúmeras possibilidades futuras.
Já que, em todas as espécies, os indivíduos se comportam de maneira similar, conforme a essência peculiar de cada uma delas, seja animal, vegetal ou mineral: um Ipê amarelo morre, nasce outro; mas, sempre será um Ipê amarelo.
A cada nova encarnação da alma há sempre um novo desafio, para uma mesma proposta primordial que persiste.







quarta-feira, 20 de junho de 2012

AS DUAS VERTENTES NA PSICOLOGIA

No ambiente da ciência conservadora, com o juízo do rigor, se afina a resistência à praticidade da hipnose.
Qual seria a justificativa plausível para que determinados profissionais sejam atraídos por procedimentos que há muito se tornaram inviáveis. Sabemos que a hipnose, no século XIX e princípio do século XX, foi muito  utilizada na medicina e na psicoterapia e depois abandonada.
Pois bem, então brindemos à Robles,T.
"A hipnose moderna tem seus antecedentes nos anos trinta , em Nancy, França. Na escola de Nancy (que entre outros expoentes destaca Liébault, Berheim e Coué), considerava-se que o estado de transe era um estado normal, e não patológico, como se afirmava na mesma época na Escola da Salpêtrière, em Paris, onde trabalharam Freud e Charcot. (Freud tratrabalhava com a  hipnose clássica-,... onde se propunha que o papel do hipnotizador consistia em induzir no sujeito um estado em que estivesse receptivo às suas sugestôes, o transe...) [porém, não obtendo progresso e aliado à sua genialidade incrível desenvolveu outra variante, a associação livre]. Em Nancy, propunha-se que a mudança se produzia de uma forma não consciente, através da imaginação e sem intervenção da vontade. Propunha-se, também, que as sugestões operam somente quando encontram, na pessoa que as recebe, um eco interno e, nesse sentido, são auto-sugestões.
De acordo com os princípios de Nancy, nos anos cinquenta, Milton H. Erichson, psiquiatra norte-americano, desenvolveu as técnicas hipnóticas clássicas, dando-lhes um novo sentido, e organizou outras novas. Incorporou todas elas como parte de um estilo de comunicação em geral e de comunicação terarêutica em particular, eliminando a formalidade e os rituais da hipnose clássica, de modo que se chegou a falar que Erichson fazia hipnoterapia sem transe. Suas contribuições à hipnose moderna foram fundamentais, a ponto de se considerar como sinônimo a hipnose ericksoniana."

(matéria em construção)

O ESTADO DE TRANSE

Um Transe?
Logo nos toma uma sensação aversiva, pela vulgaridade do termo;
Em nossa subjetividade existe uma certa confluência com a magia, o espiritismo, a feitiçaria; um comportamento escuso e de reação jacosa.
"...Em termos gerais, diz-se que o transe é um estado alternativo de consciência...
Nos primórdios da história formal da hipnose, pensava-se que o transe era um estado patológico, ou no mínimo implicava em se ter uma mente débil. Em termos modernos, é um estado em que as faculdades mentais críticas - a razão e a lógica, estão temporária e parcialmente suspensas e a pessoa está imaginando e sentindo mais do que pensando. Neurofisiologicamente, define-se como um estado em que o sujeito está funcionando sob o predomínio de seu cérebro direito. O sono fisiológico é outro estado alternativo de consciência, onde se dão fenômenos similares aos do transe (alucinações, perda de noção do tempo, etc.) que dependem da atividade do cérebro direito. Em vigília, estamos sob o predomínio do cérebro esquerdo."(Robles,T.)
Muito nos motiva as pesquisas voltadas para a natureza autônoma do sono, porque sabemos que essa natureza pode ser estimulada pela hipnose, ou seja, depreendemos que um procedimento adequado, por via de um estado de transe, pode resultar numa terapêutica bem sucedida.
Descobrimos que inúmeras habilidades neurais se evoluem na determinação de resoluções de dificuldades do organismo biológico e do psiquismo. Portanto, seria oportuno abrirmos aqui um parênteses para descrever o esforço de compreender esse facinante mundo adormecido:
(revista Mente Cérebro - ed. especial, 32) "Em 1865, o químico alemão Friedrich August Kekulé (1829-1896) acordou de um sonho estranho: imaginou uma serpente formando um círculo e mordendo a própria cauda. Como muitos de seus colegas da época, ele vinha trabalhando com fervor para descrever a estrutura química do benzeno. O sonho da serpente, diz a história, o ajudou a concluir que essa estrutura tinha a forma de anel. Essa ideia abriu o caminho para uma nova compreensão da química orgânica e rendeu a Kekulé um título de nobreza na Alemanha.
Embora a maioria de nós não esteja interessada em estruturas químicas nem em se tornar nobre, há algo indiscutivelmente familiar no método de solução de problemas de Kekulé. Quer se trate de decidir estudar numa faculdade específica, aceitar uma oferta de trabalho desafiadora ou pedir alguém em casamento, 'dormir e pensar no assunto' parece propiciar a clareza de que precisamos para resolver o quebra-cabeça da vida.
O sono nos apresenta respostas, porque enquanto estamos dormindo tranquilamente nosso cérebro está ocupado processando informações coletadas durante a vigília. Ele repassa as memórias recém-formadas, as ordena e as grava de forma que façam sentido no dia seguinte. Uma noite de sono pode tornar essas impressões mnênicas mais resistentes à enxurrada de novos acontecimentos, permitindo recuperá-las no futuro. Além de fortalecer nossas lembranças, durante o sono o cérebro adormecido examina com cuidado os dados novos, selecionando aqueles que vale a pena guardar. Dormir também pode salvar os conteúdos emocionais de uma imagem, um som, um cheiro, fazendo com que todo o resto, sem importância, seja apagado com o tempo. Além disso, é nessas horas 'mortas' que o cérebro estabelece relações entre as memórias de toda a vida, identificando a essência de cada uma e formando aquilo que chamamos aprendizado.
A relação entre sono, memória e aprendizagem é relativamente nova na história da ciência. Até meados dos anos 50, os cientistas pensavam que o cérebro se desligava enquanto dormíamos. Embora o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus já acreditasse, em 1885, que o sono protegia as memórias simples da degradação, por décadas os pesquisadores atribuíram esse efeito a uma proteção passiva. Nós esquecemos coisas, defendiam eles, porque todas as novas informações que entram substituem as anteriores. Foi só em 1953, depois de os fisiologistas Eugene Aserinsky (1921-1998) e Nathaniel Kleitman (1895-1999), da Universidade de Chicago, descobrirem as fascinantes variações da atividade cerebral durante o sono, que os cientistas se deram conta de que não estavam dando atenção a algo realmente importante.
Aserinsky e Kleitman observaram que o sono humano se divide em ciclos de cerca de 90 minutos que, por sua vez, se dividem em dois padrões de atividade cerebral conhecidos como sono de ondas lentas e sono paradoxal ou REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês). Durante o sono REM, as ondas cerebrais são muito semelhantes àquelas produzidas enquanto estamos acordados.
Nas décadas seguintes, o neurocientista romeno Mircea Steriade, da Universidade Laval, em Québec, chegou à conclusão de que determinados grupos de neurônios disparam de forma independente durante o sono de ondas lentas quando o restante dispara sincronizadamente, num ritmo constante. Tudo isso serviu para deixar claro que o cérebro, enquanto dorme, não está meramente 'descansando'. Muito pelo contrário, ele está em franca atividade.
Nossa compreensão sobre o assunto mudou muito depois de 1994, quando os neurobiólogos Avi Kami e Dov Sagi, do Instituto de Ciências Weizmann, em Israel, mostraram que, depois de uma noite de sono, alguns voluntários melhoraram seu desempenho em testes de reconhecimento rápido de objetos...
Em 2006, demonstramos a poderosa capacidade que o sono tem de estabilizar lembranças e protegê-las de interferências...
Mas os efeitos do sono sobre o que lembramos não estão limitados à estabilização. No decorrer dos últimos anos, vários estudos demonstraram a sofisticação do processamento da memória durante o sono. Na verdade, parece que enquanto dormimos nosso cérebro pode dissecar nossas lembranças e guardar apenas detalhes mais relevantes. Em um estudo, criamos uma série de imagens de objetos desagradáveis ou neutros num fundo neutro, e testamos as pessoas logo depois de olharem as imagens, uma após a outra. Doze horas depois, um novo teste da recordação dos objetos e dos fundos. Os resultados foram bastante surpreendentes. Independentemente de os participantes terem permanecido acordados ou adormecidos, a precisão de suas memórias caiu 10% em todos os casos. Mas as memórias emocionais melhoraram um pouco da noite para o dia, mostrando um acréscimo de cerca de 15%. Sabemos que essa seleção acontece também na vida cotidiana, o que leva a crer que o sono tenha um papel crucial na evolução das memórias afetivas.
A maneira precisa como o cerébro fortalece e melhora a capacidade de elaboração emocional ainda é um mistério, mas podemos fazer algumas suposições. Sabemos que as lembranças são criadas pelo fortalecimento da ligação entre centenas, milhares ou talvez até milhões de neurônios, tornando certos padrões de atividade mais prováveis de se repetir. Quando esses modelos são reativados, evocam uma recordação, que pode ser o local onde deixamos a chave de casa ou um par de palavras como 'cobertor-janela'. Sabe-se que essas mudanças na conexão sináptica surgem de um processo molecular conhecido como potenciação de longo prazo, que fortalece as ligações entre neurônios que disparam ao mesmo tempo.
Durante o sono, o cérebro reativa padrões de atividade que realizou durante o dia, fortalecendo as memórias por meio dessa potenciação a longo prazo. Em 1994, os neurocientistas Matthew Wilson e Bruce McNaugh-ton, então da Universidade do Arizona, mostraram esse efeito, pela primeira vez, usando ratos equipados com implantes que monitoravam sua atividade cerebral. Eles ensinaram os animais a encontrar uma trilha que levava até a comida, registrando ao mesmo tempo os padrões de disparo neuronal do cérebro dos roedores. Células no hipocampo - uma estrutura do cérebro crucial para a memória espacial - criaram um mapa da trilha, com células diferentes disparando conforme os ratos atravessavam cada região da trilha. Essas células correspondem de maneira tão rigorosa a locais físicos exatos que os pesquisadores puderam monitorar o progresso dos ratos apenas observando quais delas estavam disparando em dado momento. E, o que é mais interessante: cientistas registraram essas informações até mesmo quando os ratos dormiam e notaram que elas continuavam a disparar na mesma ordem - como se os animais estivessem 'andando pela trilha' durante o sono.
Conforme essa prática inconsciente fortalece a memória, algo mais complexo acontece: o cérebro pode estar ensaiando, de forma seletiva, os aspectos mais difíceis de uma tarefa. Um trabalho realizado em 2005 pelo neurocientista Matthew P. Walker, da Faculdade de Medicina de Harvad, demonstrou que quando as pessoas treinavam num teclado a digitação de sequências complicadas, como 4-1-3-2-4 (algo parecido com aprender uma partitura no piano), dormir entre sessões de treinamento fazia com que os dedos se movimentassem de forma mais rápida e coordenada numa próxima tentativa. Em um experimento mais aprofundado, ele descobriu que os voluntários não estavam apenas aprimorando a tarefa de digitação; estavam também vencendo as dificuldades com as sequências numéricas mais complicadas.
O cérebro faz isso, ao menos em parte, deslocando a memória para as sequências mais difíceis. Usando ressonância magnética funcional, Walker mostrou que seus voluntários usavam diferentes regiões do cérebro para digitar depois de terem dormido. No dia seguinte, a digitação correspondeu a uma atividade maior no córtex motor primário direito, lobo pré-frontal medial, hipocampo e cerebelo esquerdo - áreas associadas a movimentos mais rápidos e precisos. Em compensação, houve menor atividade nos córtices parietais, ínsula esquerda, polo temporal e região frontopolar, indicando redução no esforço consciente e emocional. Em suma: toda a memória foi fortalecida, mas em especial as partes que mais precisavam sê-lo. O sono estava fazendo esse trabalho usando regiões do cérebro diferentes daquelas usadas enquanto a tarefa era aprendida.
Descobertas recentes mostram que dormir também facilita a análise ativa de novas memórias, permitindo a resolução de problemas e dedução de novas informações.
Num estudo de 2004, o neurocientista Ulrich Wagner, da Universidade de Lübeck, Alemanha, demonstrou quão poderoso pode ser o processamento de memórias no sono. Ele ensinou aos participantes como resolver um tipo de problema matemático usando um procedimento longo e fez com que o repetissem cerca de 100 vezes. Em seguida, pediu aos voluntários que fossem embora e voltassem 12 horas mais tarde, quando foram instruídos a tentar outras 200 vezes.
Embora não soubessem que havia uma maneira bem mais simples de resolver os problemas, os pesquisadores perceberam exatamente quando eles descobriam o atalho, pois a velocidade da resolução da tarefa aumentava de repente. Muitos dos participantes descobriram o truque durante a segunda sessão, e esta chance aumentou 59% depois de uma noite de sono. De alguma forma o cérebro adormecido estava solucionando esse problema - sem nem mesmo saber que havia algo para solucionar.
Quanto mais pesquisamos o assunto, mais percebemos que o cérebro está longe da inatividade enquanto dormimos. Está claro que o sono pode consolidar memórias por meio de seu aprimoramento e estabilização e pelas descobertas de padrões dentro do material estudado, mesmo quando não sabemos que pode haver padrões ali. É óbvio, portanto, que economizar nas horas de sono prejudica esses processos cognitivos: alguns aspectos da consolidação mnêmica só são possíveis quando temos mais de seis horas de sono. Perca uma noite, e as memórias do dia podem ser comprometidas- uma constatação perturbadora em uma sociedade na qual a privação de sono se alastra em proporções epidêmicas.
Mas por que certas funções cognitivas só entram em ação quando estamos dormindo? Não faria mais sentido se essas operações ocorressem durante a vigília? Talvez fizesse, mas as pressões evolutivas que tornaram o sono humano o que ele é hoje já existiam muito antes do advento da alta cognição. Funções como a regulação do sistema imunológico e o uso eficiente de energia (por exemplo, caçar de dia e descansar de noite) são apenas duas das muitas razões pelas quais faz sentido dormir num planeta que alterna a luz e a escuridão. E como já tínhamos a pressão evolutiva para dormir, o sistema nervoso acabou usando esse tempo para processar informações coletadas durante a vigília imediatamente anterior.
O processamento da memória parece ser a única função do sono que exige do organismo estar realmente adormecido, isto é, que ele se encontre alheio ao que acontece ao seu redor, deixando de captar as informações sensoriais. Essa atividade cognitiva inconsciente parece exigir os mesmos recursos cerebrais usados para processar estímulos sensoriais quando se está acordado. O cérebro precisa se desligar do mundo externo para realizar esse trabalho.
Em contraste, embora outras funções, como a regulação do sistema imune, sejam realizadas de forma mais imediata quando o organismo está inativo, não parece haver um motivo para precisarmos perder a consciência. Assim, pode ser que outras funções tenham se desenvolvido para 'tirar vantagem' do sono, que já foi alocado para o período noturno para tecer nossas memórias.
É inegável que ainda restam muitas outras perguntas sobre nossa cognição noturna e sobre a forma exata como o cérebro realiza o processamento de memórias. Essas indagações suscitam uma questão maior sobre a memória em geral: como lembramos certas informações e esquecemos outras? Acreditamos que compreender o sono pode ser a chave para decifrar mecanismos da memória."
Não nos resta dúvidas de que nossa capacidade intelectual é equivalente à agilidade e armazenamento de nossa memória, é pois, o acúmulo de aprendizagem interagindo com o presente, abrigando possibilidades infinitas no futuro. Assim é o movimento do homem. Assim é seu crescimento, seu avanço.
Muita vantagem nos oferece a vida quando decidimos explorar melhor cada momento em que nosso cérebro se encontre desempenhando sua atividade.
(matéria em construção)

terça-feira, 29 de maio de 2012

O REAL

Quando dizemos, "estamos vivos", é quando queremos afirmar que temos consciência, por via de sensasões orgânicas, de nós mesmos em interação com o ambiente - "O conceito neurológico de consciência é que é um estado de atividade de todo o sistema nervoso e, em particular, do cérebro, o qual varia quantitativamente do grau máximo de ação mental até a inatividade completa, como no estado de coma ou em anestesia geral cirúrgica. Embora todas as partes do cérebro possam contribuir para os processos mentais durante a consciência, a atividade mental de todos os tipos parece depender do funcionamento normal de grupos de neurônios no diencéfalo primitivo...(citação em Rossi,E.L.)". É, pois, um fato incondicionalmente estabelecido, de um contexto real do qual pertencemos: da classe dos seres vivos, dos animais - mamíferos mais evoluídos, diferenciados apenas pelo volume crescente de massa encefálica.
Contudo, vence o pensamento organizado, contribuindo para o reordenamento de tal postura "ancestral"; legitima o instinto natural dominante, reestrutura o comportamento num aprimoramento do próprio ser e das condições do ambiente.
Nós somos o nosso organismo que existe! A morte extingue a nossa existência, imortalizada apenas nas nossas ações que a história pretende preservar.
A própria imortalidade humana é aceita unicamente por um viés virtual do sentimento, guiado por um cérebro mágico, onde se encontra um consolo emocional para justificar a pós-existência de uma personalidade ou de um ente querido falecido.
A consciência pertence somente ao mundo objetivo, por assim dizer, um produto do trabalho, da auto preservação e dos anseios do organismo psicossomático - vivemos exclusivamente para a consciência de espécie humana.
Que evolução é essa maneira - não compreendida e absoluta - de ser consciente, dirigida através de hostilizações, lutas latentes e manifestas, ambições, diferenças e indiferenças e emoções: posturas levadas pela auto-afirmação da personalidade e da dominação sugestiva seletiva?
Assim muito, não há o que ser estabelecido pela supra consciência, essa magnífica surpresa desvendada, que reside no obscuro mundo oceânico incosciente da mente humana. Portanto, o que se tem estabelecido e vivenciado maciçamente são condições ligadas a fatos da consciência.
Uma boa adaptação é um exemplo real de como a consciência é maleável e abrangente, envolvendo todo o nosso ser. Quando tudo que é novo, convivendo, se torna cotidiano e passa a ser comum.
Um indivíduo natural de determinada região geográfica que, apesar de perfeita adaptação ou familiaridade, precisasse se mudar, sabe-se que depois de um certo período estabelecido, se adaptaria naturalmente com o relevo, o costume, os modos e os caracteres da aparência de tal povo. Assim é que nos dispersamos de uma realidade maior e condicionalmente enveredamos a superestimar uma condição restrita, aquela apenas hipoteticamente tocaria o pensamento.
(este conteúdo está em construção, portanto, será acrescido, corrigido e reelaborado)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O H I P N O T I S M O

estudospsicologicos@gmail.com



"Do mesmo modo que a balbúcia e a galhofa persistem, tecem intrépida fábula de dardejar perspicaz centelha, excitando as línguas do fogo a arder nos pés da inocente floresta pejada de vida. É muito sábio apreciar em que momento as opiniões são dúbias, escupidas no cinzel do preconceito; desqualificando a novidade.
Tudo é movimento constituído pelo novo; somente os estudiosos do bom senso serão capazes de desfocar a realidade cotidiana para mergulhar no enigmático da criação.
Só assim que o véu que separa a vida dela mesma, a vida e a morte e a morte da vida será rompido definitivamente. Então, será sentida a promessa da libertação do [Rio do Esquecimento*]." (* Platão)


O Hipnotismo é uma prática e uma ciência de investigação dos processos naturais existentes em todos os seres vivos.
O Hipnotismo abrange as propriedades do sono e do cérebro, do comportamento e das inúmeras condições patológicas da vida e também da morte; é, oportunamente, o novo [e o velho] caminho da consciência, do crescimento pessoal.
Assim, a produção do conhecimento nos conduziu a este fenômeno eletrizante, que em nada se compromete com qualquer espécie de ideologia, crença religiosa ou seita - mesmo porque a fonte do conhecimento é uma produção universal, patrimônio de toda a humanidade; qualquer particularismo o igualaria à hipocrisia, o que já não seria ciência e estaria fadado à extinção.
O Hipnotismo é uma consciência que se estabelece e, surpreendentemente, nos leva ao despertar do "longo sono uterino"; assim, pensamos que o momento do parto já ocorrera e a criança vive sadiamente.
É, aliás, um [re] conhecimento, que trás em seu seio o autêntico espírito da verdade, que ai está para esclarecer do que existe por detrás do comum.
Já que a prática da Hipnose, ou Hipnotismo, é o condutor das águas, depara-se, com efeito, com o afunilamento da existência, incorporada na totalidade da natureza, nas diversas dimensões da sua consciência, que conceituamos muitas vezes de imaginário ao acaso, porém, quando se escapa das convencionais dimensões do cérebro "espaço e tempo", se coabita transitoriamente com o território da supra consciência, da supra sensibilidade e da supra-inteligência. Sempre o novo, sempre se reverencia a vida, a alegria e a perfeição. Sempre se aprende a conhecer.
A Hipnose é arte, também, ciência de concepção ético-filosófica; definida de Hipnologia quando se detém na sua amplitude do saber, devendo assim, jamais ser tomada de insumo do reducionismo, quando o produto final é orientado exclusivamente por uma prática esteriotipada e manietada ou atravessada pelos interesses financeiros, pela vaidade ou pela fama, é evidente que nesse sujeito reside grande ignorância e grande estupidez.
Por que razão dizemos essas coisas?
É porque, ao longo do tempo, a Hipnose tem sido instrumento da usurpação de meros imitadores, pessoas incipientes mas insensatas, que adulteram uma oportunidade, que colapsam a "realidade de primeira grandeza" [perceba!... o nosso sol é de quinta grandeza] na consciência coletiva.
O Hipnotismo é tão antigo quanto a humanidade, mas é nesta nossa atualidade que outros aspectos da consciência estão em prova.
"O Hipnotismo já foi a base das ciências ocultas no antigo Egito, na Grécia e na Índia. As manifestações da hipnose eram consideradas como milagres com que os feiticeiros, bruxos ou sacerdotes pagãos, dizendo-se mensageiros dos deuses, empolgavam o povo."  (Ferreira, MVC - Hipnose na Prática Clínica)
A bem da verdade, num propósito de obter breve noção, introduzimos aqui o quanto esse pessoal da ciência vêm se dedicando pelo Hipnotismo ao longo dos últimos '500 anos'. A seguir, de maneira curiosa, Ferreira (p. 09 - 40) tece um ligeiro retrato histórico:
tratamento pelo ímã (Paracelso, 1529)- Philippe Bombast vom Hohenheim (1493-1541), era médico e filósofo suíço; considerava que todos os seres humanos estavam sobre a ação do influxo sideromagnético dos astros. Para ele, considerado o pai da medicina hermética, o corpo humano se comportava como um verdadeiro ímã, que podia atrair o fluxo dos astros e absorvê-lo, bem como assimilar ou eliminar os elementos terrestres. O pólo norte do corpo humano corresponderia aos pés e o pólo sul aos genitais. Ele empregava minerais magnéticos para o tratamento das doenças e relatava várias curas. Em virtude das suas idéias Paracelso foi perseguido, tendo que ir de uma cidade para a outra.
 magnetismo animal  (Mesmer, 1776 e 1779)- Franciscus Antonius Mesmer, conhecido como Franz Anton Mesmer (1734 - 1815). Mesmer fez estudos de filosofia, teologia e jurisprudência. Depois fez o curso de medicina na universidade de Viena, formando-se aos 32 anos, em 1766, com a apresentação da tese Dissertatio Physico-Medica de Planetarum Influxu (Dissertação Físico-médica sobre a Influência dos Planetas). Sua tese considerava que um "fluido sutil" unia todos os corpos do universo, fazendo com que uns atuassem sobre os outros. Os astros, principalmente o sol e a lua, exerciam influência sobre os homens. O fluido emanado pelos astros teria a capacidade de ser captado e armazenado nos metais especiais, e pela sua analogia com as propriedades do ímã, foi chamado de magnetismo animal. O padre jesuíta Maximillian Hehl (1720-1792), e astrônomo real para a corte da Áustria, interessado em magnetismo, tomou conhecimento da tese de Mesmer e fez alguns ímãs nas formas dos órgãos que estavam destinados a curar. O padre Hehl ou Hell como muitos grifam (que em alemão significa luz), conta isso ao seu amigo Mesmer, que pede ao padre para confeccionar alguns ímãs e começa a fazer experiências conseguindo bons resultados. Inicialmente Mesmer usou placas imantadas condensadoras e condutoras de "fluido magnético" para a cura de pessoas. Mais tarde, Mesmer chegou à conclusão de que as placas imantadas eram um intermediário inútil, porque o corpo humano, sendo um depósito natural do "fluido", seria o agente por excelência atuando sobre outros corpos. Em 1777 tratou uma jovem de 18 anos de idade, chamada Maria Thereza Paradis, pianista precose, que havia subitamente perdido a visão desde os três anos de idade, e já havia consultado eminentes médicos da época. Mesmer, considerando a necessidade de um rapport adequado, transferiu-a para a sua própria clínica.
Com o tratamento a paciente começou a enxergar, e Mesmer afirmou que ia levá-la para a Imperatriz (que era madrinha da paciente) a fim de demonstrar a cura. Contudo, isso despertou a indignação da conservadora sociedade médica vienense,que procurou os pais da paciente afirmando não acreditar que ela estava enxergando, e que se isso fosse verdadeiro ela perderia a pensão que recebia por ser excelente pianista cega. Se voltasse a ver seria simplesmente mais uma pianista. Desse modo, convenceram os pais da paciente a entrar na clínica de Mesmer para retirá-la, à força. Como resultado desse episódio Maria Thereza teve uma recaída, perdeu novamente a visão e Mesmer foi convidado a encerrar sua prática médica ou deixar Viena. Mesmer foi para Paris, e lá idealizou um aparelho denominado "Baquet" (tina).
O "Baquet" era uma caixa de madeira circular, cheia de limalha de ferro. Sobre a limalha estavam garrafas com água "magnetizada", que se comunicavam entre si. Do interior da caixa saíam hastes de ferro móveis as quais os doentes aplicavam sobre a parte doente do corpo. Ao redor desse aparelho reuniam-se ao mesmo tempo 130 pessoas na penumbra e com fundo musical de órgão. Nessas condições ideais de sugestão indireta, os doentes eram acometidos de "convulsões terapêuticas". Na época de Mesmer os ímãs eram considerados um mistério, e muitos acreditavam que eles tinham grande poder. As pessoas da época acreditavam nos ímãs e estavam convencidas de que eles podiam produzir curas; logo resultados eram esperados e resultados eram produzidos. Mesmer publicou nova tese em 1779, Mémoire sur la découvert du magnétisme animal, modificando alguns conceitos sobre o magnetismo animal. Agora, Mesmer reconhecia no corpo humano propriedades semelhantes às do ímã, tendo também dois pólos opostos, e "a ação do fluido" ou magnetismo animal, entre uns e outros corpos animados e inanimados, sem a intervenção de intermediários. O "fluido", muito embora fosse universal, não existiria em igual intensidade em todos os corpos, e naqueles em que estivesse mal distribuído ou ausente, ocorreriam as doenças. A função do magnetizador era fornecer o "fluido" necessário ao órgão afetado, favorecendo o equilíbrio mais harmônico do organismo.
Mesmer foi considerado charlatão pela comissão científica nomeada pelo rei Luís XVI. Pelo que, as curas eram decorrentes da imaginação e da imitação; a imaginação sem magnetização produzia as convulsões; o magnetismo sem imaginação nada produzia. Como a imaginação não era aceita pelos estudos científicos da época, o magnetismo foi considerado sem valor para ser comentado ou uma fraude produzida por um charlatão.
 sonambulismo Artificial  (Marquês de Puységur, 1784)- Armand Marie Jacques de Chastenet, discípulo de Mesmer, tratando separadamente um paciente, observou que ao invés de o mesmo apresentar convulsões, como ocorria com os pacientes de Mesmer, ele dormia tranquilamente e durante esse sono podia falar, responder ordens, e após ser acordado não lembrava de nada; denominou de sonambulismo artificial por analogia ao sonambulismo do sono fisiológico; enfatizou a idéia de que os fenômenos do magnetismo ocorriam mais provavelmente em certas condições, que ele denominou "rapport exclusivo" entre o hipnotista e a pessoa hinotizada.
 sono lúcido (abade Faria, 1813)- José Custódio de Faria (1756- 1819), considerava que não podia haver influência de um "fluido" nas experiências do Marquês de Puységur; era a vontade do paciente que conduzia ao que chamava de "sono lúcido"; a vontade receptiva do paciente e o rappot entre o paciente e o magnetizador determinavam a formação do processo de cura.
 hipnotismo  (James Braid, 1843)- James Braid (1795- 1860), adepto do ocultismo, médico oftalmologista e cirurgião. Com Braid apareceram os primeiros conceitos científicos sobre o hipnotismo, porém já em 1826, Simon Mialle publicou um livro relacionando grande variedade de desordens orgânicas e mentais, em ordem alfabética, nas quais o magnetismo animal havia sido empregado com êxito, e apresentando uma referência à nomenclatura baseada no prefixo hypn - que dá origem às palavras hipnose e hipnotismo. Essa terminologia já existia nos dicionários franceses.
Braid estava inclinado a juntar-se àqueles que consideravam o magnetismo animal como sendo um sistema de cooperação secreta ilegal e prejudicial ou uma ilusão, ou de imaginação exaltada, simpatia ou imitação; assistiu pela primeira vez às demonstrações de Lafontaine, saiu com a mesma impressão que entrou; seis dias depois, assistiu a uma segunda demonstração e o fato de o indivíduo não poder abrir as pálpebras lhe chamou a atenção. Braid achou que aí estava a causa do fenômeno, e ao voltar para casa fez experiências com a esposa, um amigo e um criado. Pediu para que olhassem fixamente um determinado ponto brilhante até que seus olhos se entregassem extenuados ao repouso. A partir desse momento teve em suas mãos essas pessoas "magnetizadas".
As primeiras conclusões de Braid foram: o mesmerismo era puramente subjetivo; não dependia de qualquer poder mágico, de nenhuma influência astral, de qualquer fluido mineral ou animal, nem sequer de qualquer influência da pessoa do operador; esses fenômenos deviam-se exclusivamente à natureza física, mecânica e funcional, produzindo alterações nos órgãos dos sentidos, especialmente na visão, levando a um esgotamento do centro visual pela estimulação continuada e monótona; introziu o método de indução da fixação do olhar, que ainda hoje pode ser utilizado, com ou sem modificações.
Em 1843 Braid publica Neurypnology or the rationale of nervous sleep no qual aparece a primeira terminologia sobre o hipnotismo. Ele achava que o fenômeno era devido a um tipo de sono nervoso e por isto aplicou a palavra "Hipnose". Muito embora com James Braid a palavra hipnotismo tenha ficado consagrada, foi o francês Etienne Felix d'Henin de Cuvillers, que aplicou 20 anos antes o prefixo hypn- para uma variedade de palavras descritivas do processo de Mesmer.
Braid percebeu que a indução da hipnose dependia da contribuição pessoal do paciente, da sua concentração mental numa idéia ou numa vontade, ou seja, dependia do domínio de sua atenção; afirmava que uma vez obtida a hipnose poder-se-ia facilmente plantar idéias e vontades no cérebro do paciente. A anestesia obtida sob hipnose era devida a uma inibição de uma parte do cérebro do paciente; achava que existiam acentuadas diferenças no grau de suscetibilidade de diferentes indivíduos à influência hipnótica, uns mais outros menos afetados; os fenômenos hipnóticos da catalepsia, anestesia e amnésia poderiam ser produzidos sem a necessidade de a pessoa dormir.
Em 1843, o médico escocês John Elliotson, professor de cirurgia da Universidade de Londres, criou o primeiro jornal para artigos de mesmerismo (hipnose) e fisiologia cerebral denominado Zoist, publicado até 1855.
Em 1891, a Associação Médica Britânica designou uma comissão para investigar a natureza do fenômeno hipnótico, seu valor como agente terapêutico e suas indicações. O relatório da comissão foi apresentado em 1892, destacando: estavam convencidos dos fenômenos hipnóticos; o termo, hipnotismo, não traduz bem a natureza do fenômeno, já que este é diferente do sono fisiológico; a hipnose é um eficaz agente terapêutico no alívio de dores, no tratamento da embriaguez e na possibilidade de realização de atos cirúrgicos; a hipnose deve ser usada exclusivamente por médicos para fins terapêuticos, somente em pacientes do sexo masculino e quando em mulheres, apenas na presença de familiares ou de pessoas do mesmo sexo; condena veementemente quaisquer exibições recreativas, populares e teatrais de hipnotismo.
 sugestionabilidade aumentada  (Escola de Nancy, 1854-1890) - Ambroise A. Liébeault e Hippolyte Bernheim- no grupo liderado pelo médico rural Ambroise Auguste Liébeault (1823- 1904) e pelo neurologista e professor da Universidade de Nancy, Hippolyte Bernheim (1840- 1919)
se utilizava a fixação do olhar associada à sugestão verbal. O primeiro livro científico sobre hipnose, De la sugestion et de ses applications a la therepeutique foi escrito por Bernheim, em 1886. A sugestionabilidade segundo Bernheim é a aptidão do cérebro de receber ou evocar idéias e sua tendência a realizá-las ou transformá-las em atos. Toda a idéia sugerida tende a se transformar em ato, ou, dito fisiologicamente, todo neurônio acionado por uma idéia transmite impulsos para as fibras nervosas eferentes, as quais conduzem os impulsos para os órgãos que devem efetuar o ato. Denominou-se isso lei do ideodinamismo, Bernheim também afirmou que qualquer fenômeno hpnótico poderia ser produzido pela sugestão em vigília. Na época dessa teoria, Bramwell considerava cinco os pontos principais: (I)- Nada diferencia o sono natural do sono artificial. (II)- Os fenômenos hipnóticos são análogos à maioria dos atos normais automáticos, involuntários e inconscientes. (III)- Uma idéia tem tendência a gerar uma realidade. (IV)- Na hipnose a tendência de aceitar as sugestões é algumas vezes aumentada pela ação própria da sugestão. (V)- O resultado da sugestão na hipnose é análogo ao resultado da sugestão no estado normal.
Por volta de 1875 o neurologista Jean Martin Charcot (1825- 1935), que tratava pacientes histéricos no hospital de la Salpêtrière em Paris, deduzia que a hipnose era uma manifestação histérica. E, ainda, que a hipnose era obtida essencialmente por meios físicos, dando mínimo ou nenhum valor à sugestão. É óbvio que foram dois enormes erros desse famoso neurologista, que, segundo a história, nunca teria hipnotizado ninguém porque seus pacientes histéricos eram preparados pelos seus assistentes. É de autoria de Charcot, em 1878, a teoria de três estágios hipnóticos, sempre relacionados com os pacientes com transtorno de conversão: (I)- Cataplesia, produzida pela fixação do olhar do paciente num foco luminoso forte, ou pela súbita produção de um som como o de um gongo ou diapasão. Na catalepsia, havia rigidez nos membros que permaneciam na posição colocada pelo médico. Os olhos estavam abertos. (II)- Letargia, obtida pelo fechamento dos olhos do paciente ou pelo apagamento do foco luminoso. Na letargia havia surdez, mudez e hiperexcitação neuromuscular. (III)- Sonambulismo, obtido pela simples pressão ou fricção no alto da cabeça. A hiperexcitabilidade tornava-se cutânea. Segundo Schnek, os estádios descritos por Charcot não são inerentes à hipnose, nem há métodos específicos pelos quais possam ser produzidos.
As observações da escola de Nancy, reunidas pos Nicolas, incluem:
I- Jamais observaram os três estados, letargia, catalepsia e sonambulismo. A hipnose é a mesma quer com pacientes histéricos, quer com outros pacientes. As três fases mencionadas não existem nem mesmo com pacientes histéricos.
II- A histeria não é um bom terreno para estudar o hipnotismo. Muitos dos sintomas "histeriformes" (chamados hoje de conversão ou dissociativos), de origem emotiva ou resultantes de auto-sugestão, misturam-se aos fenômenos hipnóticos e para um observador inexperiente é difícil de separar.
III- O estado hipnótico não é uma neurose. Os fenômenos que ocorrem na hipnose são naturais e psicológicos, podendo ser obtidos em muitas  pessoas durante o sono natural.
IV- Todos os procedimentos de hipnotização se resumem na sugestão, e a sugestão é a chave de todos os fenômenos hipnóticos.
A escola de Paris ou tão-somente chamada Escola da Salpêtrière, da qual faziam parte nomes como Babinski, Binet, Fere, Jean Janet, Richet, Gilles de la Tourete, com relação à hipnose, jamais prosperou. Durante o II Congresso Internacional de Psicologia realizado em Paris, Sidgwick, o presidente na seção de abertura, reconhecia publicamente a vitória da escola de Nancy. A Escola de Nancy expandiu-se  e ficou mais fortalecida com nomes como Emil Coué [1857- 1926], um farmacêutico que se tornou célebre com seu método de auto-sugestão consciente, e sua cérebre frase "A cada dia, sob todos os aspectos, vou cada vez melhor". Para Coué não é a sugestão que o hipnotizador faz que realiza alguma coisa, é a sugestão que é aceita pela mente da pessoa.
Bernheim numa palestra proferida na Universidade de Nancy em 12 de dezembro de 1906 descreve três estágios mais importantes na hsitória da hipnose até então. O primeiro estágio, magnetismo animal elaborado por Mesmer; o segundo, sono hipnótico ou hipnotismo devido a Braid; o terceiro, a teoria da sugestionalidade de Liebeault.
(texto em andamento e correção)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A NOSSA NATUREZA

estudospsicologicos@gmail.com

A irradiação da realidade é sedimentada na simplicidade da lógica universal;
tudo fica na guarida da superintendência da química e da física essencial;
Quem atravessa a linha do comum, do convencional, divisa-se com o território da produção consciente, da erudição.
Sente que o Poder que o conduz é algo misterioso;
É uma força.
É como um deus voraz e sedutor que vive à espreita do que é oportuno, da presa fácil.
Um deus por detrás dos espaços, dentro e fora do ar, da luz, da terra;
Que está no homem, na árvore, no animal, na pedra;
dentro e fora da vida e da morte!
Poder no que sei e no que não sei;
no bem e no mal.
Poder da estratégia, da inocência, da impudência e da ignorância!

terça-feira, 21 de junho de 2011

A CAUSADORA DE TODAS AS CAUSAS - a síntese universal

estudospsicologicos@gmail.com

A Alma criadora

(Alma que cria todas as coisas: o cosmos e as almas todas!)

A Alma é uma potencialidade; cria o pensamento, a energia e a comoção.
Do pensamento, a energia e a comoção surge a vida!
Somente um aprofundamento da idéia pode nos levar de encontro à
natureza da Alma.
Jamais elucidações baseadas somente em elementos materiais ou em personagem algum
possibilitariam retratar a consistência da Alma.
Assim também, não se destina a Alma exclusivamente à morte, mas à vida de todos os dias.

(Platão também diria que o filósofo de hoje desgarrou-se da essência do ser e da vida; seduzido na consagração do mundo das formas, se situou na práxis da inteligência retórica: tomada a forma pelo fundo.)

A Alma criada

A Alma deseja a consciência e esse desejo é a própria razão da existência - o animu.
Até agora, a Alma tem se confundido com o pensamento, o sentimento [ou a emoção]; mas se verifica que essas categorias são oriundas da atividade do sistema nervoso - SN, e não de um ser insustentável - o paradoxo. Tais categorias se organizam de acordo com a adaptação do organismo com o meio ambiente; a Alma experimenta os resultados dessa organização e os armazena como um potencial da vontade de consciência, de maior nitidez e magnitude, incitando, dessa forma, novos pensamentos, e por sua vez, incita o desejo de uma nova consciência - a sýnthesis do par dialético [nesse mesmo feitio, ocorre o circuito entre o pensamento e o sentimento]; nisto se configura a evolução humana.
Assim, a consciência parte do particular para o geral, da incongruência à realidade vivida e a Alma se satisfaz no deleite do conhecimento integral. Na Alma existe uma tendência ou necessidade natural da epistemologia.
Contudo, nos dias de hoje, pela pressão globalizada de uma tendência mercantilista, a episteme é vislumbrada pela sagacidade do pensamento e pelo escárnio do torpor das emoções; muito embora, a Alma, potencialmente retentiva do saber, tem a envergadura da evolução política, filosófica e moral do ser humano em sua função.
(texto em andamento e correção)