terça-feira, 21 de maio de 2013

UMA ODISSEIA DO SONHO


Num súbito,
no vazio soturno,
no leito do infinito, salpicado de reluzentes matizes,
das profundezas do esmo eflui ansiosa golfada vulcânica,
mais veloz do que apressado relógio.
De onde vem, pra onde vai, ninguém sabe, só o Destino conhece.
Mas o generoso Tempo acolhe o Destino:
de imensas mãos invisíveis, insensíveis ao fogo, ancora suas extremidades.
Antes ardente, agora planeta azul: gigante atlante embreado do deus Helius.
Logo, de tal repouso nas alturas do ermo profundo,
me arrojo na vertigem do abismo,
atraído pela força que não desiste de imanar,
então me encontro na multidão das almas nativas,
lugar que se tornou morada de viver e de dormir.
Também, de contemplar, sofrer e caminhar.
Pra depois aprender amar.
De tal feito,
na forja desse corpo que virou gente;
desse fogo que se tornou terra;
dessa terra que se tornou água.

sábado, 18 de maio de 2013

A EPOPEIA HUMANA


Eis que a febre será curada, mas a cicatriz ficará

De vontade me detenho, de prazer me alegro,
mas me exacerbo de solidão na minha mente sentença.
Quando de tristeza piorar, de solidão a expirar.
Solitário me encontro no ermo de meus pensamentos, de meus caminhos, de meus movimentos,
não há lugar nenhum, não há gente alguma nesse mundo que pertenço.
Se a enfermidade vier e lacerar o meu corpo ou a minha alma,
só de imaginar minha imagem se apagará. Que indiferença terrível!
O céu, a terra, os homens são exigentes, não dá pra se omitir e descansar.
Eis que nem a morte, tão logo, me quer.
Vivo na multidão que tem consolo, mas quando durmo,
na escuridão, meu corpo transpira e respira por si mesmo.
Ouço rumores,
vejo formas,
inspiro odores,
mas, no entanto, sem nenhum acalento.
Não há respostas,
não há gestos,
tento me imanar de desejos, de sensações, de prazer,
mas com a cabeça no tempo que me dita que é em vão.
Até a genialidade me nega,
mas vou assim mesmo, até que o silêncio me faça entender que o sol do
entardecer aquecerá a noite da vida.
Essa vida que esconde da alma o que é infinito e eterno.
Quando eu me encontrar com a primazia do mundo,
da inteligência e do amor,
então, esse silêncio me fará repousar.


segunda-feira, 13 de maio de 2013

DEUS NO INCONSCIENTE


O Estilo é o Homem
 
O Deus do homem é um deus encefálico: de cérebro e paixão.
É pai como pai (inconscientemente) idealizado: afetos e desafetos estão cravados num estereótipo mental que caracteriza a fé.
No mar e no mundo nasceram plantas, animais e gente.
Que nasceram pelo foco, raio e fluxo do fluido e vibrações cíclicas da energia, da vontade e do desejo inteligente.
Num instante, partículas, núcleos e citoplasmas se chocam na coesão do espaço e do tempo e o mundo se converge sobre si mesmo; a physys nasce para a vida gravitacional, numa dinâmica incrível!
Mas o homem, agora, olha curiosamente para a imensidão sensível.
Me fecho no circuito da matéria, me prendo no tempo e só quero sentir.
Existo porque existo.
Se eu pudesse além da vida ouvir e se eu pudesse da sua genialidade aprender!
Mas meus olhos e meus ouvidos estão presos na carne.
E esse mundo que é mundo do sol!
Nascemos pra luz e morremos quando o sol se apaga e a alma se acende.