segunda-feira, 29 de abril de 2013

TRAVESSIA PELA SUGESTÃO

Trinta minutos e o homem desfaz a ilusão;
congela as convenções, protocolos e sistemas;
se desfaz do limbo do intelectualismo.
Trinta minutos é o tempo para percorrer e ultrapassar as barreiras do positivismo e do relativismo!
Logo se demove na relatividade do momento, do lugar e do movimento e chega-se nas estações da dimensão.
Tempo vencido, mito demovido - nas margens do "Rio do Esquecimento" se navega!
Momento para perceber que viver a vida não é escravizar a matéria e andar de avião;
não é viver impregnado da perspicácia da estratégia e obedecer regras estatuídas, e da burocracia.
São trinta minutos - consciência indelével, envolta em brumas delicadas, deslizantes em mar sereno.
Viagem necessária para que toda pressão do mundo e do corpo e toda pressão da consciência, fantasias e crenças se desvaneçam, e a realidade instintiva do homem biológico se decomponha nos átomos da efígie do homem integral, que se vislumbra e sobrevive nos arquétipos da memória inconsciente. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ESPELHO NOS OLHOS

(É tarde, o momento é do pensamento)

De olhos no espelho.
Só um rosto.
Rosto ainda suspeito.
A atitude, o lugar, os raios são dos olhos.
Olhos que guiam o meu cérebro, que dizem estou ali, estou aqui, eu mesmo diante de mim.
E dentro, que outro existe senão carne, calor, fome, sede e frio, no fogo e escuridão da descendência!
Nada mais além de sentidos, cérebro e pensamento.
Nada mais seria possível do que ver, ouvir e respirar.
Respirar um sonho, uma imagem. Uma esperança me agita  e me transporta para além de tudo isso.
Mas me diz, tudo ilusão, pura ilusão e depressa se desfaz, como vapor na era, como o que é dolorido, pesado, impelido e responsável.
A aparência no contraste da postura é autoridade, é dominância que impregna timidez e respeito.
Assim é o jeito do homem, somente a voz pode diluir essa imobilidade fugidia, esse impacto da obstinação, essa cumplicidade eletrizante.
A imagem, o relevo da carne é magia da fascinação.
E ainda muito mais, se pelo cérebro for sagaz.
É como um deus regado, é um sonho colorido que rabisca nas paragens de tudo com cabeça de Dragão.
A dinastia dos compostos líquidos, químicos e elétricos da cabeça imponente, inteligente e política acaima e afaima a poesia e a arte da vida , destitui os devaneios do belo e da luz e do sábio.
E os números, então! Nem dizer.
Por assim se fizeram as coisas. "Coisas que se tornaram causa, ossos e carne. Que viraram pés, mãos, olhos e imagem."
Mas os números são o sabor do pensamento. Sabor da atração do minério, da luz das estrelas!
Ludibrioso é o homem que adornado de números, inventou o jogo mágico da razão e do cálculo.
Já a Lógica, é a musa encantadora que atraiu a evolução, que coibiu o homem e derramou o efêmero para aproximar a causa na madrugada do tempo!