Toda criança, todo bebê, tem
seu encanto, sua pureza, sua majestosa ternura, mobilidade ingênua e singela de
ser.
Sua inferência é só um apelo do instinto da fome, do
conforto corporal e do carinho, que se manifesta na queixa simbólica do choro e
da verbalização.
Mas
a sua alma, - ah doce alma -, é mansa, pacifica e radiosa. É morada dos
deuses. Ainda não se preocupou e se embebedou com as coisas
do mundo:
com os bens e as fantasias da
criação humana;
com a sua própria imagem;
com o que ainda não tem, mas almeja, para
consolidar sua plenitude.
Mas, sua alma
está dissolvida no embalo dos ciclos, das ondas, dos raios e ritmos da
natureza;
no encantamento dos sons, das cores e formas;
nas melodias e sinfonias dos campos, dos riachos e cachoeiras,
dos mares e montanhas, dos passarinhos e feras ingênuas das florestas.
A infância do homem e dos animais têm a pele tenra, hálito
puro, perfumado. Atitudes de gracejo, num encanto quase angelical. Inspira o
aperto do abraço ardente, o beijo sublime da mãe que acolhe, a mordida que
traduz o tirar um pedacinho. Porém, é
um desejo crú de retornar, e ser criança. É como um sonho, quando se está
correndo com o movimento das pernas, e nunca alcança, e nunca foge!
É um ser sem ser.
Feliz o homem que se inicia no cântico da majestosa combinação da
lógica e razão atribuída aos murmúrios da inocência da infância, que sutilmente
se move daqui prá acolá na sombra do eu.
Qual, pois, seria
a condição da genialidade humana?
Outra coisa não seria, senão a da apropriação da
razão interessada em observar e abstrair a lógica da natureza e da própria
existência de si.
O homem criou um código, um
mantra de devoção à admirável deusa da inocência. E a inocência foi concedida a
todas as criaturas, os seres vivos. E se eternizou no inconsciente e na genética
de todos nós. E o homem viu que era bom dar um nome para que todos os homens
seguissem e se impregnassem de persuasão. E o homem viu que era bom quando a
inocência dominava o seu coração. Então ele deu o nome de Amor!
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Assinar:
Postagens (Atom)